Jornal Correio Braziliense

Economia

Investimento atinge 18% do PIB

Gilmar Farias, sócio da Yuan Veículos: investimento certo na hora certa

Depois de dois anos patinando, o investimento produtivo reagiu, voltou aos níveis pré-crise e saltou de 16,3% para 18% do Produto Interno Bruto (PIB) na comparação entre o primeiro trimestre de 2010 e o mesmo período de 2009. Em um claro sinal de que a economia engatou a quinta marcha, o saldo demonstra que o país não só ampliou seu potencial de crescimento, como conseguiu esse feito sem fazer a inflação extrapolar o teto da meta definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 6,5%. Ainda assim, os economistas avaliam que esse ritmo é insuficiente para garantir a expansão sustentada do nível de atividade. Para isso, o total investido deveria girar em torno de 25% do PIB.

Com o resultado dos investimentos, diminui a necessidade de o Banco Central elevar os juros básicos (Selic) na intensidade que pretendia até o fim do mês passado. Os analistas de mercado são quase unânimes em afirmar que o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentará os juros em 0,75 ponto percentual hoje, elevando a Selic de 9,50% ao ano para 10,25%. Especialistas consultados pelo Correio dizem que os riscos inflacionários já foram debelados e não há mais justificativa para um aperto muito severo da política monetária, especialmente diante do agravamento dos problemas fiscais nos países ricos.

O empresário Gilmar Farias, por exemplo, acredita que o Brasil deixou a crise para trás. Ele acaba de inaugurar, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) de Brasília, a concessionária Yuan Veículos, voltada para a venda de utilitários das marcas Towner e Topic. No empreendimento, investiu R$ 2 milhões. ;É o investimento certo no momento certo. O mercado de utilitários tem potencial e nós vamos cultivar esse nicho;, disse.

Máquinas
A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), indicador que mede o quanto as empresas investiram, cresceu 7,4% entre janeiro e março de 2010 ante o quarto trimestre de 2009 e 26% na comparação com o primeiro trimestre do ano passado. Trata-se da maior alta desde 1995. A produção interna de bens de capital (máquinas e equipamentos) explodiu, no vácuo da excepcional performance da construção civil.

Ainda que a retomada dos investimentos seja uma realidade, o Brasil ainda convive com uma grande dependência do capital externo. A taxa de poupança, conforme divulgado ontem pelo IBGE, está em apenas 15,8% do PIB, nível considerado pequeno. O pouco dinheiro guardado faz o país precisar de dinheiro estrangeiro para conseguir fechar suas contas e financiar o consumo interno. O reflexo está no saldo das transações correntes com o exterior, que vai fechar o ano com rombo de mais de US$ 60 bilhões, na estimativa do mercado. A dependência em relação aos aportes vindos de fora do país fica ainda mais perigosa à medida que a instabilidade atual na Europa aumenta.