Os contribuintes brasileiros que têm direito à restituição do Imposto de Renda recolhido no ano passado começam a receber o dinheiro em 15 de junho, próxima terça-feira. O Leão vai devolver, no primeiro lote, um total de R$ 1,728 bilhão, já considerada a correção de 1,75% relativa à Selic (taxa básica de juros) acumulada entre maio e junho. Segundo a Receita Federal, serão beneficiados 1,4 milhão de declarantes. Como nos anos anteriores, as remessas do imposto serão liberadas mês a mês, até dezembro. O supervisor nacional do IR, Joaquim Adir, informou que ainda falta uma apuração mais exata das declarações entregues para estimar o valor total a ser devolvido, mas, com base em anos anteriores, o montante pode até ultrapassar os R$ 15 bilhões.
Além do primeiro lote, a Receita também devolverá, na próxima semana, o Imposto de Renda pago nos anos de 2008 e 2009, elevando o valor total, que inclui pagamentos da malha fina, para R$ 1,8 bilhão. De acordo com Adir, a liberação inicial contemplará, no total, 1,5 milhão de contribuintes e vai priorizar os idosos com mais de 60 anos. ;Eles são quase a totalidade.
Deve ainda incluir alguns declarantes que entregaram o ajuste logo no primeiro dia, mas 99% é de idosos;, afirmou. Serão contemplados 28,8 mil brasileiros que caíram na malha fina de 2009, com a devolução de R$ 49,5 milhões ; valores corrigidos em 10,21% ; e outros 10,4 mil pegos pela rede do Fisco em 2008, com restituição de R$ 22,1 milhões ; correção de 22,28%.
Contas em dia
As informações sobre a devolução foram disponibilizadas para consulta, pela internet, desde sábado, 5. Os dados também podem ser checados também pelo telefone 146 (Receitafone).
Imposto devolvido não significa, na maioria dos casos, dinheiro no bolso. Segundo os especialistas, o ideal é aproveitar a oportunidade para saldar contas em aberto, já que o recurso não constava do orçamento. O professor de finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV) e PUC São Paulo Fábio Gallo Garcia recomenda ao contribuinte aproveitar o recurso extra para saldar suas contas em aberto. ;Não há dúvida que nenhuma aplicação vai render os mesmos juros que cobram nas dívidas. Então, quando surge um dinheiro como esse, a primeira coisa a ser feita é pagar as contas;, pontuou. O restante, segundo Garcia, deve ser poupado. Os investimentos mais indicados neste caso são as aplicações tradicionais, como poupança ou fundos de renda fixa dos bancos, uma vez que a maior parte das restituições situa-se entre R$ 1 mil e R$ 5 mil.
O investimento menos indicado é a compra de ações, pela forte instabilidade presente no mercado de capitais em escala global e pelo maior conhecimento e disponibilidade que essa aplicação requer do investidor. ;Você só contrata uma cozinheira para sua casa quando não tem tempo ou não sabe cozinhar. Com o mercado, é igual;, exemplificou. Para Garcia, a aplicação nesses papéis pode ser uma opção, mas lembra que é necessário estar bem preparado para não perder dinheiro.
Para quem quer aproveitar e fazer uma aplicação com prazo mais longo, outra opção é aplicar nos papéis do governo. O Tesouro Direto foi implantado para possibilitar ao pequeno investidor pessoa física a compra direta de títulos. De acordo com o Tesouro Nacional, até abril o número de investidores no programa havia crescido, nos últimos 12 meses, 19,8% e totalizado mais de 186 mil desde o início do programa. Apenas naquele mês, 3,4 mil novos participantes compraram R$ 152,6 milhões em papéis.