As bolsas europeias simplesmente desabaram nesta sexta-feira (4), com o euro cotado abaixo de 1,20 dólar pela primeira vez em mais de quatro anos, arrastados por dados sobre o emprego nos Estados Unidos, considerados decepcionantes, e novos temores de contágio da crise na zona do euro.
As principais praças europeias fecharam com fortes perdas, depois do anúncio de que a economia americana criou menos empregos que o previsto em maio. Londres perdeu 1,63%; Frankfurt, 1,91%; Paris, 2,86%; Milão, 3,79% e Madri, 3,80%. Em Nova York, a bolsa operava em baixa.
As bolsas britânica e francesa também se viram afetadas por rumores relacionados à saúde financeira do banco francês Société Générale.
Todas estas notícias também influenciaram o comportamento do euro, comercializado abaixo do teto psicológico de 1,20 dólar pela primeira vez em mais de quatro anos. "As cifras do emprego (americano) representam um golpe no entusiasmo sobre a recuperação" econômica mundial, comentou Joshua Raymond, analista do City Index.
A economia americana criou 431.000 empregos em maio, segundo dados oficiais. Embora seja a cifra mais elevada desde março de 2000, os analistas esperavam meio milhão de novos postos de trabalho.
A leve redução da taxa de desemprego, que foi para 9,7%, não bastou para acalmar o nervosismo dos investidores que, segundo Raymond, "questionam o vigor da recuperação do mercado americano do emprego".
A onça do ouro era cotada por sua vez a 1.203,50 dólares no ;fixing; durante a tarde, contra 1.215 dólares na quinta-feira. A situação financeira no continente europeu foi outro fator de impacto. "Depois de vários dias longe dos projetores, a crise da dívida na Europa retorna ao primeiro plano", assinalou David Morrison, analista do GFT, citando principalmente os riscos de contágio a países da Europa oriental, especialmente Hungria e Romênia.
Na Hungria, a bolsa e a moeda desabaram depois das declarações alarmistas do governo. A bolsa caiu 3,34% e o florim perdeu 5,5% de seu valor em relação ao euro. O secretário de estado Mihaly Varga, especialista econômico do Fidesz, o partido no poder, anunciou que o déficit público poderia chegar a 7,5% do PIB em 2010, quando o acordo firmado com o FMI estabelece que não deve superar os 3,8%.
Por sua vez, o vice-presidente do Fidesz, Lajos Kosa, disse que a situação econômica era "tão crítica, que poderia ser comparada à da Grécia" e que o "Estado estava perto da quebra".