Jornal Correio Braziliense

Economia

Cepal apoia maior intervenção do Estado na economia e defende programas sociais brasileiros

Ao deixar a reunião da Comissão Econômica para Países da América Latina e Caribe (Cepal), nesta segunda-feira (31), o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, disse estar satisfeito com o fato de que políticas econômicas e sociais adotadas no Brasil estejam agora sendo recomendadas pela Cepal aos países da região. ;No passado, o Brasil se inspirou na Cepal. Agora, é bom que a Cepal se inspire no Brasil;, disse o ministro.

Amorim lembrou que na última reunião da Cepal no Brasil, em 2002, os temas das mesas de discussões refletiam uma visão ;imposta; e baseada ;no tripé liberalização-privatização-autorregulação;. Segundo Amorim, ;discutia-se a eficácia dos mercados e sua capacidade inerente de autorregulação. Sugeriam subordinação a uma ordem internacional ditada pela globalização;.

Já o tom das discussões deste ano marca uma mudança de postura. No documento "A hora da igualdade. Brechas por fechar, caminhos por abrir", a Cepal recomenda uma participação mais efetiva do Estado como regulador da economia. O documento, de 289 páginas, defende a adoção de medidas anticíclicas em momentos de crise e uma atuação mais intensa dos governos e dos bancos centrais de cada país para estabelecer parâmetros que atenuem os altos e baixos da atividade econômica.

O documento também defende a elevação da carga tributária para os países da região, exceto Brasil, que a comissão considera estar em níveis adequados. O documento aponta ainda o Estado como agente para diminuir a diferença entre pobres e ricos e garantir os direitos fundamentais dos povos com a adoção programas de segurança básica, como o Bolsa Família e o Sistema Único de Saúde, por exemplo.

Durante a reunião, Amorim ainda defendeu a união dos países da América Latina para fazer frente ao mercado internacional. Amorim disse que o Brasil já vem buscando essa integração que, segundo ele, vai além do Mercosul. ;O Brasil é grande, mas se observarmos o contexto internacional, somos muito pequenos. Se nos compararmos com as economias da Europa, dos Estados Unidos e da China, por exemplo, nós somos pequenos. É preciso unir a nossa região. Primeiro, ninguém vai prestar atenção no Brasil ou, se prestar, será para vir aqui explorar as concessões sem deixar nada. Sozinhos, não teremos poder de barganha. Se estivermos juntos, nosso poder de barganha será muito maior;.

Amorim ainda destacou o que considera acertos da política econômica brasileira, que fizeram com que o país passasse de forma mais tranquila pela crise econômica mundial.;Acho que nós fizemos a coisa correta. O Brasil está resolvendo os problemas com essa lógica de visão de longo prazo;.