Resultado de quase cinco anos de negociações, Banco do Brasil (BB) e Caixa Econômica Federal anunciaram ontem um acordo inédito para a construção de um centro de processamento e armazenagem de dados na Cidade Digital, região localizada ao lado da Granja do Torto. Por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP) os bancos estatais associaram-se a empresas que vão erguer toda a superestrutura e realizar também atividades de administração do prédio. O valor total do projeto é de R$ 880 milhões ; R$ 660 milhões do BB e R$ 220 milhões da Caixa ;, desembolsados ao longo de 15 anos.
O novo polo garante às duas instituições financeiras maior segurança no armazenamento de dados e fôlego para a ampliação de processos voltados à área de tecnologia da informação (TI). Não há, pelo menos por enquanto, intenção de unir as operações dos bancos. O datacenter guardará cópias de todas as informações digitais, tanto do BB como da Caixa, e atenderá às mais rigorosas orientações internacionais praticadas pelo sistema financeiro global.
Caixa e BB pretendem manter, com pequenas adaptações, as atuais estruturas de TI instaladas no Distrito Federal e em outras regiões do país. O datacenter terá um total de 24 mil metros quadrados de área construída. As obras deverão começar no segundo semestre do ano e a previsão de entrega é início de 2012. O prédio prevê espaços exclusivos para a Caixa, para o BB e para o gestor do projeto ; um consórcio privado associado à PPP. Ao fim dos 15 anos da parceria, tudo pertencerá aos bancos, na proporção do gasto realizado.
O vice-presidente de Tecnologia do Banco do Brasil, José Luís Salinas, disse que a parceria amplia horizontes de forma quase inesgotável. ;Respeitada a independência de cada um, podemos ter muitas sinergias, trabalhar em conjunto e ter uma estrutura de primeiro mundo;, reforçou. Já a vice-presidente de Tecnologia da Caixa, Clarice Coppetti, destacou as vantagens que a plataforma oferecerá aos dois bancos quando for necessário expandir os serviços de TI.
O datacenter da Caixa e do BB é o primeiro grande empreendimento da Cidade Digital a sair do papel. O consórcio responsável pela obra começará, em uma ou duas semanas, a preparar o terreno para dar início à construção. Apesar da complexidade do centro de TI, as empresas descartam atrasos na execução do projeto.
TRAPALHADAS NA FAZENDA
Um festival de trapalhadas marcou a terça-feira no Ministério da Fazenda. No início da tarde, ignorando a presença de pesos-pesados do setor automotivo no saguão do prédio, o ministro Guido Mantega desistiu de anunciar o programa de incentivos a carros elétricos no Brasil. Representantes da indústria e do governo aguardavam no auditório quando a informação do cancelamento da entrevista chegou. Mantega recuou de forma constrangedora depois que o presidente Lula pediu mais estudos sobre o assunto antes de aprovar as medidas de apoio. Outra gafe cometida pela Fazenda partiu do próprio gabinete de Mantega. No aviso distribuído a jornais e emissoras de TV, por e-mail, para a cobertura do acordo entre a Caixa e o Banco do Brasil para a construção de um centro de processamento de dados digitais, a assessoria do ministro confundiu o nome da presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho, com o da atriz global Maria Fernanda Cândido, eleita a mulher mais bela do século. O engano foi corrigido, com uma nova mensagem eletrônica, 17 minutos depois que a primeira chegou às redações. (LP)
Reajuste confirmado
A Câmara dos Deputados aprovou ontem, com alterações, a Medida Provisória 479, que trata de gratificações, estende prazos para adesões previstas em lei e reestrutura cerca de 30 carreiras do Executivo federal. Algumas das mudanças feitas pelos parlamentares contrariam o Palácio do Planalto e a equipe econômica, além de elevar os gastos previstos no texto original. A MP segue agora para o Senado e precisa ser aprovada a toque de caixa sob pena de perder a validade ; como foi enviada em dezembro do ano passado, o prazo final expira em 1; de junho.
Entre as modificações introduzidas pelos deputados por meio de emendas está a que muda o status de técnicos do seguro social para analistas tributários da Receita Federal. Só essa alteração custará R$ 1,8 bilhão aos cofres públicos. O plenário também concordou, à revelia do governo, com a incorporação de professores dos extintos territórios e modificou a jornada semanal dos peritos médicos de 40 horas para 30 horas sem a redução de salário.
A Casa Civil foi acionada por líderes de partidos da base aliada no fim da votação e vai orientar o presidente Lula a vetar todas as mudanças indicadas pelos parlamentares que repercutam em aumento de gastos com os servidores. A MP 479 foi baixada em 2009 para corrigir erros ou ampliar benefícios previstos no megapacote de reajustes salariais concedidos pelo governo de forma escalonada a partir de 2008. (LP)