A nova coalizão no poder na Grã-Bretanha divulga nesta segunda-feira (23/5) uma primeira série de iniciativas destinadas a economizar 6 bilhões de libras este ano nos gastos públicos, antes da divulgação de um megapacote de medidas de austeridade, a ser anunciado no dia 22 de junho, para combater o déficit recorde do país.
Caberá ao ministro conservador das Finanças George Osborne e ao secretário de Estado liberal-democrata do Tesouro David Laws, anunciarem na manhã desta segunda-feira os detalhes dos cortes no ano fiscal 2010/2011.
David Laws disse que não tem ilusões: está preparado "mentalmente para receber numerosas queixas de pessoas em cólera", em entrevista ao Financial Times, prevenindo que o país "passará de uma era de gastos em abundância a uma era de austeridade nas finanças públicas".
A reabsorção de um déficit public colossal é prioridade do governo e uma "grande parte" da economia será afetada.
O escritório de estatísticas nacionais (ONS) anunciou na sexta-feira que o déficit atingiria 156,1 bilhões de libras em 2009/2010 (11,1% do PIB), um nível recorde, mas inferior aos 163 bilhões antecipados.
O Sunday Times estimou que entre 300.000 e 700.000 postos de trabalho deverão ser cancelados nos ministérios e serviços públicos nos próximos anos.
Soma-se a isto a economia de 513 milhões de libras em cortes em gastos supérfluos, incidindo sobre alguns voos e acomodações em hotéis por parte de funcionários e tarifas de táxis permitidas até agora.
O governo também planeja arrecadar, através do megapacote de 22 de junho, 8 trilhões de dólares através de novas taxações aos bancos, segundo o The Independent, o que seria quase três vezes superior ao projeto original.
O ministério do Comércio seria um dos mais atingidos com 900 milhões de libras em cortes; do financiamento das universidades seriam suprimidos outros 200 milhões.
O Tesouro também identificou um maná de economias potenciais nos ministérios, com uma fatura de 3 bilhões de libras anuais em despesas com publicidade e material de escritório.
Também não deverão ser poupadas as verbas destinadas à polícia, a representações no exterior, defesa, saúde.
Já o Sunday Telegraph afirma ter obtido uma versão do discurso que a rainha Elizabeth II deverá pronunciar na terça-feira ante o parlamento, para expor o programa legislativo do governo, incluindo as medidas econômicas.
O premier Cameron, escreve o jornal, pretende transformar o país numa "sociedade forte e igualitária" em 500 dias, através desse ambicioso programa legislativo.