Jornal Correio Braziliense

Economia

Dilma defende aumento das taxas de juros

Nova York ; Em sua estreia internacional como candidata petista à Presidência da República, Dilma Rousseff não se fez de rogada ontem: atacou a posição mais controvertida de seu principal adversário, o tucano José Serra, na tentativa de conquistar apoio dos investidores estrangeiros. Ao ser questionada sobre a autonomia operacional do Banco Central para definir os rumos da taxa básica de juros (Selic), ela disse ser ;fundamental; que o próximo governante brasileiro mantenha a independência da instituição para garantir a estabilidade macroeconômica do país. Recentemente, Serra causou furor no mercado financeiro ao dizer que o ;BC não é a Santa Sé;, ou seja, o banco não é dono da verdade e deve ser questionado quando errar.

A candidata ; que vestia a mesma roupa usada dias antes em um encontro com prefeitos em Brasília ; foi aplaudida pelos investidores quando elogiou o aumento da taxa básica de juros (Selic) no mês passado pelo BC, de 8,75 para 9,50% ao ano. Ela reconheceu, porém, considerar muito difícil o futuro presidente do Brasil conseguir aprovar, no Congresso Nacional, um projeto dando independência formal ao BC. Na sua avaliação, a proposta enfrentaria uma resistência enorme dos partidos políticos, tanto os da base aliada do governo, quanto os da oposição. O importante, porém, segundo ela, é que a autonomia formal do BC está consolidada, assim como a credibilidade da política monetária, uma vez que as decisões sobre a Selic têm sido tomadas de forma técnica, sem interferências políticas.

Como música para os ouvidos dos investidores, Dilma afirmou também ser favorável à redução gradual da meta de inflação do Brasil nos próximos anos. Em 2010 e no próximo ano, o centro definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 4,5%, podendo oscilar dois pontos percentuais para cima ou para baixo. ;A redução tem que ser gradual porque nós vivemos em um momento de grande volatilidade e imprevisibilidade;, assinalou, durante a abertura do encontro A Eleição Presidencial Brasileira em 2010, realizado pela BM.

Seguindo as orientações do presidente do BC, Henrique Meirelles, que pavimentou o encontro com os investidores, Dilma não fez por menos e disparou: ;Minha mensagem aos investidores estrangeiros é a seguinte: o Brasil permanecerá crescendo com inclusão social e estabilidade macroeconômica, buscando controlar os preços por meio das metas de inflação e mantendo a disciplina fiscal com a redução da dívida;. Anteontem à noite, ela havia participado de um jantar de gala em homenagem a Meirelles, no Hotel Waldorf Astoria. No evento, a petista fez a primeira aparição pública com seu potencial vice, o deputado Michel Temer (PMDB).