Os governos vêm se mostrando "muito fracos" ante as especulações "irresponsáveis" que agitam os mercados financeiros num contexto de crise econômica, considerou neste sábado o Papa Bento XVI, ao receber os participantes de um congresso da fundação econômica do Vaticano Centesimus Annus-Pro Pontefice.
Bento XVI lamentou a resposta sem firmeza, pela qual os governos não reagem com decisões adequadas à administração de suas finanças".
A economia não pode reduzir-se à produção de bens que alimentem "o consumismo, o desperdício, a pobreza e os desequilíbrios", considerou o papa, julgando necessário entre os países "uma solidariedade criativa e dinâmica orientada para o bem comum".
A política "deve ter a primazia sobre as finanças e a ética precisa orientar toda a atividade", acrescentou.
Em julho de 2009, em plena crise econômica e financeira, o Santo Padre havia reclamado em sua primeira encíclica social intitulada "Caritas in veritate", a instauração de uma "autoridade política mundial" para melhor regular fenômenos ligados à globalização. Desejou uma reforma urgente da ONU para que a organização internacional assuma o papel de supervisão.
Aos participantes do congresso, o Papa explicou também que as diferentes religiões têm um papel importante a assumir na sociedade contemporânea. "A exclusão da religião do espaço público, assim como todo o fundamentalismo religioso impedem o encontro entre as pessoas e sua colaboração para fazer progredir a humanidade", estimou.
Na ausência de considerações religiosas, "a vida da sociedade empobrece e a política toma forma opressora e agressiva", acrescentou Bento XVI.