Rio de Janeiro - O presidente do Instituto de Política Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, disse nesta quinta-feira (20/5), em entrevista no Fórum Nacional, no Rio de Janeiro, que a situação atual no Brasil não configura um superaquecimento de toda a economia. Admitiu, porém, que pode estar havendo um aquecimento em alguns segmentos. Citou, como exemplo, o setor da construção civil. Há carência de mão de obra, afirmou.
Não há, contudo, segundo ele, sinais de que o crescimento da economia seria incontrolável. Para Pochmann, as medidas tomadas até agora indicam que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) se manterá em um padrão adequado. A previsão do Ipea é que o PIB crescerá este ano entre 5,5% e 6,5%.
Pochmann acredita que o Brasil se encontra em recuperação após a crise internacional de 2008. ;Essa recuperação é adequada e vem acompanhada, inclusive, da ampliação de investimentos, que é a maior preocupação que se tem em relação ao problema inflacionário;.
Para ele, não há justificativa para a adoção de uma política monetária mais contracionista no país. ;Ainda mais porque, do ponto de vista fiscal, há a intenção já declarada [do governo] de fazer corte nos gastos correntes;. Disse que a política monetária deve estar atenta para as repercussões da taxa de juros no médio e longo prazos. ;Porque há uma defasagem de seis a sete meses em que o impacto dos juros acaba influindo em determinados aspectos da área social;.
A política fiscal dá mais possibilidade de se fazer ajustes imediatos, explicou, ;contraindo e até liberando, à medida em que vão sendo avaliados os diversos setores econômicos;.
Em relação à inflação, considerou natural uma elevação dos índices no primeiro semestre do ano. ;O impacto é sazonal e podemos nos adequar no segundo semestre;. Não haveria necessidade de atuar de forma mais radical pelo lado dos juros, reiterou.
Apesar de a economia brasileira se mostrar bem preparada, o presidente do Ipea reconheceu que essa segunda fase da crise internacional terá reflexos no país, sobretudo sobre as exportações.