Jornal Correio Braziliense

Economia

Expectativa de redução de crescimento afeta clima econômico na América Latina

A possibilidade de redução do ritmo de crescimento na América Latina, em razão do aumento das taxas de juros para conter o consumo, pode ter influenciado na queda de um dos indicadores que compõem o Índice de Clima Econômico (ICE) da região, que ficou estável entre janeiro e abril, em 5,6 pontos.

Na última avaliação do ICE, realizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e pelo instituto alemão Ifo, divulgada nesta quarta-feira (19/5), o Índice de Expectativas (IE) da região caiu de 7,1 pontos em janeiro para 6,4 pontos em abril. Ao mesmo tempo, subiu o Índice de Situação Atual, passando de 4 para 4,7 pontos - o maior desde julho de 2008 (5,7).

;O índice foi o mesmo de janeiro, mas houve mudança na composição;, destacou a pesquisadora da FGV Lia Valls. ;A América Latina continua numa fase de recuperação em relação à crise financeira. Por isso, a queda do índice de expectativa pode estar sendo influenciado por uma ideia de que a inflação está pressionando e de que os governos podem adotar medidas de retração de demanda e redução de liquidez.;

A queda do IE se refletiu na redução do Índice de Clima Econômico na Argentina, no Brasil, Chile, Equador e na Venezuela. Segundo a pesquisa, no Chile, a piora das avaliações foi registrada no indicador que mede a situação atual e pode ter sido influenciada pelo terremoto, no início do ano.

No Brasil, apenas as expectativas registram queda e o Índice de Situação Atual é o maior desde o início da série (1989), repetindo o resultado julho de 2007, quando a taxa foi de 8,1. ;O Brasil continua bem, em uma fase de boom. Nosso ISA chegou próximo do topo (9 pontos), embora tenha caído um pouco o IE;, ressaltou Lia.

;A expectativa para os investimentos no país melhorou e o consumo privado teve uma certa piora, um índice menor. Não se espera que o consumo continue bombando como antes;, acrescentou ela, ao explicar que esses atores influenciaram na redução das expectativas.;Não significa que estamos em situação pior.;

Na América Latina, a FGV registrou também aumento do Índice Clima Econômico na Bolívia, Colômbia, México e no Peru e Uruguai. Com exceção do México, todos os demais países estão na fase de boom (quando o ISA e o IE estão acima de 5).