Jornal Correio Braziliense

Economia

Indústria puxa o PIB

Renda maior e expansão do consumo levam a CNI e o mercado a aumentarem as projeções de crescimento

O bom desempenho da economia nos primeiros meses deste ano, com o crescimento do emprego, da renda e do consumo, levou a Confederação Nacional da Indústria (CNI) a rever suas projeções para 2010. Pelas contas dos economistas da entidade, o Produto Interno Bruto (PIB) passará de um aumento de 5,5%, previsto em dezembro do ano passado, para uma elevação de 6% no acumulado do ano.

A revisão do PIB também se reflete no cenário de investimentos, que devem crescer 18% este ano. O dado anterior era de um aumento de 14%. Para a CNI, haverá uma expansão na capacidade produtiva das empresas, mas não deve ser suficiente para conter a alta da inflação. Tanto que elevou sua projeção para o comportamento dos preços de 4,7% para 5,4% ao longo do ano, acima do centro da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 4,5%.

Na avaliação do economista Marcelo Azevedo, da CNI, esse quadro será reforçado pela alta do consumo das famílias, que deve crescer 6,2% este ano, e pela queda do desemprego, que deve cair para 7,2% (ante projeção anterior de 7,6%), o menor patamar da história do Brasil. ;Estamos vendo uma expansão muito forte da economia, que está sendo liderada pela retomada da indústria;, disse. A CNI projeta uma alta de 8% para o PIB industrial, ante previsão anterior de 7%. Para que se chegue a esse número, porém, a atividade produtiva tem de elevar-se em pelo menos 12% este ano, ressaltou a entidade.

Os números estão alinhados com as previsões do mercado, que reviu para cima a expectativa de expansão da produção industrial, passando de uma alta de 10,30% para 10,40%. A pesquisa Focus ; com cerca de 100 especialistas da área financeira ; também trouxe números melhores para a previsão de crescimento econômico. Os analistas elevaram, pela nona semana seguida, a estimativa para a evolução do PIB este ano. A nova projeção passou para 6,30% (na semana anterior era de 6,26%).

No mesmo ritmo da alta do crescimento da economia, o mercado continua apostando em mais inflação neste ano. Os analistas das instituições financeiras que responderam o relatório Focus, do Banco, Central aumentaram de 5,50% para 5,54% a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano. Segundo o economista Eduardo Velho, da Prosper Corretora, o mau humor do mercado não vai parar por aí. ;O pacote fiscal anunciado pelo governo foi muito reduzido, insuficiente para conter o consumo público;, observou. Por isso, está claro para os analistas que o crescimento permanecerá acelerado e que a conta para segurar a inflação, também em alta, cairá, mais uma vez, no colo do BC.


CAI DEMANDA POR CRÉDITO
A demanda das empresas por crédito recuou 5,1% em abril na comparação com março. A desaceleração ocorreu, segundo a Serasa Experian, em função de o mês ter menor quantidade de dias úteis. O desempenho no período também foi influenciado por um leve aumento nas taxas reais para pessoas jurídicas ; 0,06 ponto percentual de alta em igual base de comparação. Entre as empresas tomadoras de crédito, somente as grandes não registraram queda. Obtiveram variação nula no mês. Para as médias, a retração foi de 0,7% e para as pequenas, 5,3%. A despeito dos números negativos, técnicos da Serasa garantem que a procura por esses recursos ;não vai andar para trás, como em 2009;. O recuo representa apenas um arrefecimento na busca por financiamentos e que, nos próximos meses, deve voltar a crescer, mas de maneira mais moderada em função do aperto monetário.