Jornal Correio Braziliense

Economia

FMI volta a pedir a redução da dívida pública dos países ricos

O Fundo Monetário Internacional (FMI) lançou nesta sexta-feira (14/5) um novo chamado à redução da dívida pública, alertando sobre riscos fiscais em aumento nas maiores economias mundiais e esboçou alguns conselhos para seus Estados-membros.

"Os riscos fiscais aumentaram, particularmente nas economias desenvolvidas", afirmou o FMI na terceira edição de seu "relatório de supervisão orçamentária multinacional".

Segundo as previsões, a dívida pública média dos países do G20 passaria de 76,6% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2010 para 82,2% em 2014, contra 80,2% e 85,9%, respectivamente, previstos em novembro.

No entanto, "ainda que a atividade mundial esteja recuperando-se mais rapidamente que o projetado anteriormente, as perspectivas não melhoram nas mesmas proporções", lamentou o FMI.

"Níveis elevados de endividamento público poderão pesar sobre o crescimento econômico durante anos", completou. O órgão estima, também, que se os países desenvolvidos não retornaram ao nível de endividamento de antes da crise de 2008-2009, seu potencial crescimento "poderá diminuir mais de 0,5% ao ano, um efeito realmente considerável caso seja acumulado durante vários anos".

Enquanto em novembro o fundo tinha como meta uma redução do déficit fiscal para o equivalente a 8% do PIB nos países desenvolvidos nos próximos 20 anos, agora elevou essa meta para 8,75%;.

Isso exigirá decisões complexas. "Será necessário um consenso político suficiente para colocar em prática essas medidas que são difíceis, mas isso já ocorreu no passado", explicou Cottarelli.

O FMI reiterou sua estratégia: reduzir os gastos por habitante (excluindo o efeito de envelhecimento da população) e reformar o sistema fiscal para "obter receitas adicionais de forma mais eficaz e equitativa".

Alguns conselhos são válidos para todos, como limitar - ou inclusive congelar - o aumento dos salários dos funcionários públicos, ou onerar mais o setor imobiliário. Outros diferem, de acordo com as situações em particular.

Na Europa, o FMI centra o esforço nos gastos sociais. Também propõe aumentar a idade de aposentadoria em dois anos.

Para os Estados Unidos, os impostos sobre o combustível poderão ser aumentados em 30 centavos e deverá ser criado um imposto federal ao consumo (IVA) de 10%. No Japão, onde o IVA é muito baixo, este poderá ser duplicado.

A persistência de déficits públicos elevados, que obrigam os Estados a se endividar em um nível sem precedentes, foram, desde o início do ano, causas de fortes perturbações nos mercados financeiros mundiais, convertendo-se em um dos temas mais sensíveis do debate político.

"Não preciso me estender muito sobre isso: os mercados prestam mais atenção aos processos orçamentários", afirmou em uma coletiva de imprensa em Washington o diretor de assuntos fiscais do FMI, Carlo Cottarelli.

Depois de ter elevado duas vezes as previsões de crescimento, em janeiro e em abril, o FMI ampliou as estimativas relacionadas aos déficits e à dívida pública das maiores economias mundiais.