Brasília - O pesquisador Sandro Sachet de Carvalho, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), disse nesta quinta-feira (13/5) que não, há, no curto prazo, tendência de aumento da demanda por profissionais mais qualificados no mercado brasileiro. Ele levou em consideração a atual estrutura da economia do país, voltada para a exportação de commodities, e a desestabilização das economias da Europa e dos Estados Unidos, países compradores de produtos industrializados brasileiros.
;Isso é uma consequência da estrutura da economia brasileira. As empresas brasileiras não exigem grande qualificação. Tem havido um aumento da oferta, mas não há, em contrapartida, um aumento da demanda por esses profissionais de nível superior;, ressaltou.
Para que a mão de obra qualificada seja mais valorizada no Brasil, Sandro Carvalho diz que o país precisa desenvolver política industrial. ;Não podemos ficar presos a essa condição de fornecedores apenas de matéria-prima e de serviços com pouca qualificação. É preciso investir na qualificação e, ao mesmo tempo, em uma política para aumentar a demanda por essa qualificação;, destacou.
Um estudo desenvolvido pelo Ipea, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), diagnosticou que as maiores evoluções de renda ocorreram para os trabalhadores com menos qualificação e que, tradicionalmente, recebem menos. Para os agricultores, por exemplo, o ganho foi de 21,15%, entre 2002 e 2008, e para os trabalhadores domésticos, de 15,36%, no mesmo período. A renda média do trabalho no Brasil aumentou 7,59%, de 2002 a 2008.
Ao contrário das classes com menos estudo, os trabalhadores mais qualificados acabaram apresentando uma fraca evolução em seus ganhos. De 2002 a 2008, pessoas com mais de 11 anos de estudo tiveram perdas salariais que chegaram a 12,76%. Considerando o período entre 2004 e 2008, o crescimento foi de apenas 1,67% na média salarial desse grupo.
Professores e profissionais das áreas de ciência biológicas e de saúde foram os que mais perderam. Médicos e enfermeiros, por exemplo amargaram perdas que somam 5% no período compreendido entre 2002 e 2008. Considerado o período de 2004 a 2008, os profissionais de saúde tiveram aumento de 6,4%, metade da média nacional. Os professores com formação superior tiveram perda de 2,6% no período de 2002 a 2008 e ganho de 3,65, considerando o período de 2004 a 2008.
;O salário desses profissionais destoa do nível de escolaridade e destoa também do resto. Com isso, conclui-se que não há valorização dos profissionais que cuidam da nossa educação e da nossa saúde;, enfatizou Sandro Carvalho.