O ministro da Fazenda, Guido Mantega, deixou de lado a figura de técnico para assumir de vez o papel de militante da pré-candidata do Partido dos Trabalhadores (PT) à Presidência da República, Dilma Rousseff. Numa sinalização clara de que o discurso da equipe econômica está alinhado em torno das bandeiras levantadas pela preferida do presidente Lula, Mantega defendeu a política de Estado forte, atacou a oposição, as privatizações de empresas estatais e chamou sindicalistas de esquerda de ;companheiros;, durante reunião da direção nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Convidado de honra do evento, o ministro usou pouco menos de 40 dos 45 minutos a que tinha direito para ressaltar as conquistas sociais do governo Lula, como a geração recorde de empregos e o aumento do poder de compra do trabalhador. Para ele, a consolidação dessas políticas fez com que o Brasil deixasse de ser um país pobre para se tornar uma nação de classe média. Por isso, para que o país confirme as projeções de se tornar, entre 2020 e 2025, a quarta ou a quinta economia do mundo, é fundamental que Dilma seja eleita, insinuou. ;É claro que, para que esse ciclo continue, é preciso que nós possamos manter a política econômica que está sendo praticada nesse governo;, defendeu.
Além de elogios ao governo Lula, o discurso do ministro Mantega foi calcado no ataque político à oposição, numa ajuda direta à pré-candidata governista. ;O crescimento mais forte da economia brasileira não aconteceu por acaso. Ele se deveu à implantação de uma nova política econômica social no país. Então, é incorreto dizer que esse governo continuou a que já existia. Houve uma mudança muito grande;, enfatizou o ministro a uma plateia formada por sindicalistas e militantes de esquerda.
Na mesa de palestrantes, além de Mantega, estavam líderes da CUT e o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, a quem o chefe da Fazenda chamou a todo tempo de ;companheiro Dirceu;. ;Acabamos de ter um ciclo de expansão da economia brasileira que começou em 2003 (primeiro ano de mandato do presidente Lula). Antes disso, a economia crescia muito pouco. A taxa média de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto, a soma das riquezas geradas no país) era de 2,5% ao ano. Não dava para nada, não gerava emprego, não gerava renda para o trabalhador;, atacou.
Previsão exagerada
No governo Lula, assegurou Mantega, o problema é o contrário. ;Estamos agora, depois da crise, iniciando um novo ciclo de crescimento. Neste ano, a previsão é acima de 5,5%. Eu tenho sido mais modesto, e fico entre 5,5% e 6%. Mas já tem gente falando em 6,5% e até 7%. Acho que é uma previsão um pouco exagerada. De qualquer forma, a economia brasileira estará dando sinal de vigor e de dinamismo logo depois de uma crise muito forte;, disse.
Adotando o discurso de Estado forte abraçado por Dilma, o ministro da Fazenda levantou as diferenças dos governos do PT e do PSDB, principal mote da campanha petista. Para ele, a gestão Lula defende uma atuação mais forte da máquina pública, enquanto o de Fernando Henrique Cardoso propugnou por uma ação menos intervencionista. ;Nosso governo passou a priorizar o crescimento mais forte da economia. E o Estado passou a impulsionar essa expansão. O governo anterior achava que o mercado podia resolver tudo. Então, uma diferença fundamental (entre os dois governos) é uma nova ação do Estado, que foi revigorado e passou a estimular o crescimento maior;, afirmou.
Como exemplo, Mantega citou a constituição de reservas internacionais, que chegaram a US$ 250 bilhões. Esse colchão permitiu que o país não entrasse em colapso nas crises recentes, entre elas, a da Grécia. Segundo ele, no fim de abril, cerca de US$ 2 bilhões deixaram o país devido ao temor de contágio fiscal na Zona do Euro. ;Se fosse em outra época, tinha paralisado a economia brasileira;, disse.
Ministro da Fazenda, Guido Mantega fala sobre crescimento econômico