O segundo semestre de 2009 marcou a ;consolidação da recuperação econômica; no país, com reflexos positivos no crédito, na liquidez, na solvência e na rentabilidade do sistema bancário doméstico. A conclusão está Relatório de Estabilidade Financeira do Banco Central (BC) referente ao período.
O documento menciona, ainda, que as medidas anticíclicas, com destaque para a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), conduziram o Brasil à recuperação econômica, embora tenham contribuído para reduzir o superávit primário (economia para pagamento dos juros da dívida) do setor público para 2,06% do Produto Interno Bruto (PIB).
Segundo o BC, apesar da contração de 0,2% do PIB no ano passado, verificou-se aceleração do crescimento iniciado no trimestre abril-junho. Em parte, porque os juros bancários apresentaram baixa volatilidade, com a taxa básica de juros (Selic) fixada em 8,75% ao ano durante todo o semestre.
A análise, na verdade, ultrapassa o período enfocado e se estende até fevereiro deste ano para avaliar o comportamento da inflação, que terminou o ano passado em 4,31%, abaixo do centro da meta de 4,50%. De acordo com o relatório, a retomada do nível de atividade econômica e a elevação das expectativas para a inflação ;consolidaram a percepção de reversão do afrouxamento monetário; já no primeiro semestre de 2010, o que efetivamente aconteceu na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), no final de abril, quando a taxa Selic foi elevada de 8,75% para 9,50% ao ano.
Ao contrário da deterioração econômica verificada em alguns países da Europa, o documento destaca que a rápida recuperação da economia brasileira melhorou o fluxo de capitais externos para o país, o que provocou valorização do real em relação ao dólar norte-americano. O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) acumulou ganho cambial de 40% entre julho de 2009 e fevereiro de 2010, por exemplo.
O relatório do BC enfatiza ainda que a retomada da atividade econômica no segundo semestre de 2009 contribuiu, também, para a expansão de 8% no estoque do crédito concedido pelo sistema bancário. Esse crescimento ocorreu principalmente em modalidades de menor risco e contribuiu para reduzir a concentração de risco da carteira de crédito, melhorando a qualidade do sistema financeiro nacional.
A capacidade de arcar com os compromissos, a solvência das instituições financeiras, também manteve-se elevado, de acordo com o BC, enquanto a inadimplência (dívidas com atraso acima de 90 dias), nas operações de crédito, terminou 2009 em melhores condições que no encerramento do semestre anterior, ainda sob forte impacto da crise financeira mundial, deflagrada em setembro de 2008.