Sorrir é o melhor remédio? No ambiente de trabalho sim, garantem os especialistas em recursos humanos. Diversas empresas deixaram de lado a formalidade engessada do foco em metas e passaram a motivar os funcionários a ter uma atitude mais leve e descontraída. Somados a incentivos financeiros, outros benefícios que não alteram o contracheque permitem que essas corporações contabilizem resultados mais proveitosos e encontrem o caminho para sobreviver no mercado competitivo.
Criar e manter o bom humor no trabalho não é tarefa fácil. Depende do esforço conjunto de todo o organograma, especialmente dos departamentos de recursos humanos e dos chefes de cada setor. ;As empresas entenderam que colocar os funcionários no centro das atenções é a melhor forma de atingir as metas. O profissional de hoje faz questão de se sentir reconhecido;, define Andrea Veras, diretora de Marketing e de Desenvolvimento de Liderança, no Brasil, do Instituto Great Place to Work, responsável pelo ranking das melhores companhias para trabalhar em mais de 44 países.
A instituição lista seis pilares essenciais para essa nova relação: credibilidade, confiança, respeito, imparcialidade, orgulho e camaradagem. ;A valorização do local onde se trabalha, dos colegas e do líder depende de todos esses quesitos;, pondera Andrea. ;O bom humor e o sorriso no rosto só virão se a empresa estiver efetivamente interessada em assumir a postura positiva;, acrescenta o coaching Edercio Bento, alertando que o estado de espírito individual tem peso nessa fatura. ;O humor de cada um altera a composição do ambiente de trabalho. O ideal é equilibrar as emoções para harmonizar esse espaço.;
O sorriso é parte da campanha institucional da agência de propaganda Rae,MP. A imagem de uma boca esticando os lábios e mostrando os dentes é usada em máscaras distribuídas a clientes e fornecedores. ;Em qualquer situação, manter o sorriso facilita a relação interpessoal. É possível perceber o bom humor até pela voz ao telefone;, justifica Marcelo Ponzoni, diretor da agência, que não defende a política como campanha de motivação. ;Não é o uso do sorriso em função de uma estética. É uma forma de surtir resultado sem apelar para a demagogia.;
Na prática, Ponzoni acredita que pequenas ações podem revolucionar os diversos departamentos e uma corporação. ;Não precisa de muito, basta incentivar a criatividade para ver as ideias partirem dos próprios funcionários. Para os clientes, mandamos a máscara com a nota fiscal de serviço;, brinca.
Liderança
Como administrador especialista em treinamento de lideranças, Edercio Bento confirma que, em locais de trabalho descontraídos, é mais fácil pôr em prática o conceito de equipe e que cabe ao chefe indicar o caminho. ;Se o líder tem uma postura dura, autoritária, centralizadora e impositiva, dificilmente o grupo se manterá unido. Do contrário, quando a atitude é amigável e amistosa, os colaboradores tendem a agir de acordo;, ensina.
Nessa balança, o impasse mais frequente é a falta de comunicação direta, de acordo com o pedagogo e sociólogo José Emídio Teixeira, da Dialogar Consultoria. ;Conversar com os funcionários não pode se limitar a avisos no mural ou no jornal da empresa. A sintonia entre os líderes, donos do negócio, e os trabalhadores tem que ser cara a cara. Os conflitos precisam ser resolvidos imediatamente, as expectativas devem ser compatíveis;, explica.
Um dos primeiros passos para que a fórmula do bom humor dê certo é a seleção dos funcionários. À frente de mais ou menos 30 profissionais, o empresário Marcelo Ponzoni faz questão de selecionar aqueles que tenham um bom sorriso no rosto e o perfil descontraído. ;Sou um grande guardião do sorriso. Entendo que, se não contratar um gestor com essa predisposição, fica difícil que uma empresa, de baixo para cima, implante algo que não faça parte da cultura das lideranças;, atesta.