A grande central sindical do funcionalismo público grego - a categoria mais afetada pela terapia de choque anunciada neste domingo pelo governo, em contrapartida à ajuda financeira internacional - fez um apelo ao "bloqueio" do que considera novas medidas "antissociais".
"Continuaremos intensificando nossas mobilizações contra o pacote", diz em nota a central sindical Adedy, que possui 375.000 filiados e que convocou greve geral para quarta-feira, junto com a GSEE do setor privado, no que será a terceira paralisação, em três meses.
Para o sindicalista Yannis Panagopoulos, todas estas medidas "vão agravar a recessão e mergulhar a economia em coma profundo".
Pronunciou-se, na mesma linha, apesar de estar do outro lado do espectro político, o líder do grande partido de oposição Nova Democracia, Antonis Samaras, quem acusou o governo de submergir o país "no círculo vicioso da recessão".
O primeiro-ministro, Georges Papandreou, esforçou-se neste domingo em explicar que o país não tinha outra alternativa ao anunciar o acordo com o FMI e os europeus em troca da ajuda internacional.
Uranya Papadopoulou, professora de 41 anos, disse à AFP que não responsabiliza o governo pela situação, "mas que com estas medidas, perco 3.000 euros por ano, pelo que não tenho outra opção senão a de sair em busca de um segundo emprego".
Para o economista Giorgos Pagoulatos, professor da Universidade de Atenas, as medidas vão "causar a perda de numerosas vantagens adquiridas, reduzindo em cerca de 20% os rendimentos da classe média".
Mas concorda em que estas medidas, apesar de reduzir o poder aquisitivo, "serão eficazes contra o déficit". Segundo ele, "haverá movimentos sociais num primeiro momento, mas serão limitados porque a população está convencida de que estas iniciativas são inevitáveis", prevê.