Jornal Correio Braziliense

Economia

Salário cresce 0,4% em março

Mas taxa de desemprego atinge 7,6%, a terceira alta desde o início do ano, mostra IBGE. Analistas mantêm o otimismo

A renda do trabalhador brasileiro cresceu em março 0,4% em relação a fevereiro, alcançando R$ 1.413,40. Há um ano, o rendimento médio da população ocupada (R$ 1.393,05) era 1,5% menor. Os reflexos positivos da recuperação da economia também se fizeram sentir na taxa de desocupação, que, embora subindo para 7,6% no mês passado, foi a menor desde 2002, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) iniciou a série histórica da Pesquisa Mensal de Emprego (PME).

Entre as seis capitais pesquisadas, São Paulo tem o melhor salário médio (R$ 1.552,40), seguido por Rio de Janeiro (R$ 1.454,10). Na contramão, os empregados das duas cidades nordestinas que fazem parte da apuração ; Recife (R$ 965,20) e Salvador (R$ 1.112,48) ; têm as menores remunerações.

O mercado de construção civil foi o grande responsável por alavancar os ganhos nos últimos 12 meses, ao aumentar em 11% a renda de seus trabalhadores. Já a indústria, que está fazendo as pazes com a economia, contribuiu incrementando o pagamento em 2,4% (R$ 1.417,70). ;Depois de uma forte política focada na recuperação da renda, a tendência é que os ganhos se estabilizem e não se veja mais índices de aumento, como na construção civil;, analisou o economista Clemente Ganz, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Socioeconômicos (Dieese).

Ocupação
A taxa de desocupação cresceu pelo terceiro mês seguido e fechou março em 7,6% (veja gráfico). De dezembro a março, o índice acumulou alta de 0,8 ponto percentual, o que, para Cimar Azeredo, coordenador da PME, é o resultado da dispensa do último grupo de temporários. ;É um fenômeno sazonal. Os temporários deixam o mercado e voltam a procurar emprego;, explicou. Apesar da elevação, março e o primeiro trimestre tiveram os melhores resultados para os respectivos períodos desde 2002.

Comparado mês a mês, o IBGE considerou o índice estável. ;Mais pessoas procuraram trabalho e mais vagas foram abertas. Na hora de fechar a conta, a variação é pequena;, disse Azeredo. Atualmente, segundo Ganz, do Dieese, a oferta de emprego está crescendo à taxa de 3,5% ao ano. Até dezembro, o economista projeta que esse percentual chegue a 5% ao ano. ;Em uma economia como a nossa, que está em expansão, é natural que existam mais trabalhadores no mercado. Temos um excedente da população economicamente ativa para absorver.;

A estabilidade no trabalho e o aumento no contracheque vão continuar incentivando o consumo. Os brasileiros, segundo Ganz, estão gastando mais e fazendo dívidas, mas ainda em um nível considerado saudável.

Com o pé no acelerador

Luciana Otoni

O pé no acelerador do setor industrial é uma das principais garantias de que o desemprego será menor neste ano. Com o mercado interno aquecido, a renda em alta e a oferta de crédito ainda farta, as fábricas se apressam para entregar as encomendas do Dia das Mães, a segunda data mais representativa do comércio. A perspectiva é de faturamento expressivo, ainda sem sinais de arrefecimento pelo aumento da taxa básica de juros (Selic) de 8,75% para 9,50% ao ano. Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) com 1.227 empresas mostrou que a produção está subindo no início do ano, com expansão concentrada em março. No mês, o indicador atingiu 62,9 pontos, 12,1 pontos percentuais acima de fevereiro.

Após o ajuste de estoques de dezembro e o fim das liquidações em janeiro e fevereiro, a explicação para o ritmo produtivo em março é a preparação para a procura do Dia das Mães. ;Em janeiro, a produção não caiu frente a dezembro. Em fevereiro, quando se esperava um desempenho fraco, ela também se manteve estável. Já em março, avançou porque a economia vem crescendo;, apontou o gerente executivo da Unidade de Pesquisa da CNI, Renato da Fonseca.

A sondagem mostrou ampliação da produção disseminada. Entre os 28 subsetores industriais pesquisados, apenas o segmento de madeira registrou evolução da produção abaixo de 46,9 pontos. As maiores altas foram verificadas nas indústrias de borracha, de produtos farmacêuticos, de veículos, de metalurgia básica, de máquinas e equipamentos e de produtos de perfumaria e limpeza.

Novo ciclo
O aquecimento na indústria no mês passado também foi captado pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), que indica o forte avanço em março. A análise é que a boa expectativa está ancorada no aquecimento do mercado consumidor. O economista Rogério de Souza, do Iedi, ressaltou que o setor deixou para trás a crise econômica e ingressou em um novo ciclo de expansão. ;O crescimento é vigoroso e está generalizado em todos segmentos;, salientou. Entre as áreas de destaque, estão vestuário, produtos alimentícios, equipamentos de transporte e móveis.

No varejo, a expectativa também é positiva. Pesquisa com comerciantes feita pela Serasa Experian indica que 60% dos empresários esperam aumento do faturamento no Dia das Mães. É o maior percentual de confiança para essa época desde 2006. Segundo o economista Carlos Henrique de Almeida, da Serasa, a tendência é de vendas maiores em vestuário, calçados, perfumaria, acessórios e flores. ;O ambiente econômico está bom. As pessoas estão empregadas, possuem renda e crédito. Além disso, a indústria e o comércio têm feito programações conjuntas em ações para estimular o consumo;, disse.