A Grécia advertiu nesta terça-feira (27/4) precisar urgentemente que a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI) liberem os recursos que lhe permitirão pagar parte de sua dívida em 19 de maio, já que o país não consegue financiar-se nos mercados, afetados principalmente pela falta de clareza da União Europeia.
"A data crítica é 19 de maio, porque nesse dia vence uma parte da dívida soberana no valor de 9 bilhões de euros", lembrou o ministro das Finanças, Giorgos Papaconstantinou.
No entanto, "dada nossa incapacidade de recorrer aos mercados, o procedimento terá de ser completado, acordado e assinado nessa data, e o empréstimo desbloqueado pelo FMI e nossos sócios europeus", disse o ministro, discursando diante dos deputados socialistas gregos.
Nesse contexto, "a situação política da Europa não ajuda", porque, "há vozes dissonantes", e a atitude da UE "carece de clareza", completou.
O ministro já reconheceu na véspera que as condições nas quais a Grécia pode pedir dinheiro emprestado nos mercados tornaram-se "proibitivas", dizendo que seu país estava "incapaz" de fazer tais captações.
A Grécia enfrenta um enorme déficit público, que em 2009 alcançou 13,6% do PIB, segundo o escritório europeu de estatísticas Eurostat. No entanto, o ministro advertiu que a cifra poderá ser revisada para cima e ficar em 14%.
O alto endividamento da Grécia gera fortes inquietações nos mercados, que temem que o país, membro da zona do euro, seja incapaz de pagar sua dívida.
Nessa terça-feira, o rendimento dos títulos públicos gregos de 10 anos batia um novo recorde, superando os 9,5%.
O primeiro-ministro Giorgos Papandreou, por sua vez, insistiu em reformas profundas para devolver a credibilidade à Grécia.
"A hora da verdade chegou: é preciso mudar tudo na Grécia, a economia, o Estado, os costumes, as mentalidades, os comportamentos, para fundar uma economia viável", admitiu Papandreou em um disurso ante o grupo parlamentar socialista.
Mas, para realizar tudo isso, o governo precisa de tempo e serenidade, enfatizou, referindo-se à forte pressão dos mercados e da Alemanha, principal contribuinte ao plano acertado pela UE.
Pressionada pelos mercados, Atenas solicitou na sexta-feira ativar o mecanismo de ajuda, por três anos, com um desbloqueio de 45 bilhões de euros (60 bilhões de dólares) em 2010. A UE deve aportar dois terços desse montante, a uma taxa de 5%.
Atualmente, o governo grego negocia com a UE, o FMI e o Banco Central Europeu (BCE) medidas suplementares de rigor fiscal para 2011 e 2012, condição indispensável para que seu pedido seja atendido.
A Alemanha, que será o principal contribuinte com 8,4 bilhões de euros, não deixou de pressionar a Grécia para que apresente um plano concreto de ajuste fiscal para receber a ajuda.