Jornal Correio Braziliense

Economia

Enganados pelo endereço do local das provas pedem anulação de concurso de nível médio do Ministério da Cultura

A realização de mais um concurso público acabou em confusão ; e na delegacia ; para candidatos que concorriam a uma das vagas oferecidas pelo Ministério da Cultura. Desta vez, os concurseiros querem o cancelamento da seleção por terem recebido informações erradas sobre o local onde deveriam realizar as provas. Pela manhã, 14 pessoas registraram queixa na 2; DP, na Asa Norte, contra o Instituto Movens, responsável pelo exame.

A empresa nega ter cometido erros na divulgação dos endereços e sustenta que os candidatos interpretaram mal as informações. O instituto informou ter permitido que eles fizessem a prova em local diferente do indicado, mas os candidatos não aceitaram. Ontem mesmo, depois de ouvir o instituto, o Ministério da Cultura descartou a necessidade de cancelamento do exame.

A confusão ocorreu na parte da manhã, quando foram aplicadas as provas para o preenchimento de 226 vagas de nível médio do Ministério da Cultura. Candidatos que foram até a Unieuro da 916 Norte alegaram ter recebido e-mail com informações erradas sobre o local de provas. Acsa Rodrigues, 22 anos, disse que, depois de confirmar o endereço no site do instituto na internet, foi de ônibus para a 616 Norte, onde percebeu que teria que fazer a prova em outro local. ;Ainda consegui vir para o local certo, mas cheguei alguns minutos depois das 8h e não me deixaram entrar;, reclamou.

Pior ainda para quem, como Adriana da Silva, 19, veio de Anápolis. Ela contou que gastou R$ 100 em um mototáxi para chegar em Brasília. ;É um absurdo. Quando cheguei no endereço que a organizadora me passou, não tinha nenhum prédio;, afirmou, irritada por não ter chegado a tempo.

Simone Santos, 31, Dayane Angélica, 22, Wederson Lima da Silva, 27, Taís Fernanda Souza Lopes, 21, e Selma Silva Nóbrega, 33, também não conseguiram realizar o exame. Todos foram encaminhados para o local destinado apenas aos candidatos com nomes iniciados com a letra A. ;Eu recebi dois e-mails com o mesmo endereço errado`, assinalou a advogada Simone Santos, que estudava há cerca de cinco meses para o concurso.

Auditório
Quem chegou a tempo na Unieuro, mas descobriu que estava no local errado, foi convidado a realizar as provas ali mesmo em um auditório. Alguns recusaram por entender que não teriam os gabaritos com os seus nomes. ;Não teria nem como provar que fui eu mesma quem fez a prova;, justificou Simone. A assessoria de imprensa do instituto justificou a medida, alegando que a falta de identificação nos gabaritos não acarretaria problemas para os candidatos, pois poderia ser realizada na hora pelos fiscais.

O grupo deve ir hoje à Procuradoria da República para pedir a anulação do concurso e a publicação de outro edital com uma nova data para realização das provas. No entanto, o Instituto Movens acredita que o pedido será rejeitado por ter dado aos candidatos a oportunidade de participarem do concurso nas mesmas condições que os demais. Nas provas para cargos de nível superior, realizadas durante a tarde de ontem, o problema não ocorreu.

Memória
Problema recorrente

Essa não é a primeira vez que candidatos enfrentam problemas com organizadoras de provas. No último domingo, irregularidades na aplicação dos exames e na fiscalização do concurso do Ministério dos Transportes, realizado pelo Instituto Cetro, provocou reclamações e tumultos entre os candidatos aos cargos de nível superior que receberam provas com conteúdos de nível médio.

Pelo menos outros cinco certames apresentaram problemas desde setembro do ano passado. No processo seletivo da Polícia Rodoviária Federal, suspeitas de fraudes levaram ao cancelamento do concurso depois de duas suspensões. A PRF rompeu em janeiro o contrato com a Funrio, empresa responsável pelo concurso. O Ministério da Justiça teve o exame cancelado depois que provas de nível médio foram aplicadas para candidatos aos cargos de nível superior, em setembro.

A Aeronáutica também teve problemas com um edital e, após questionamento na justiça, precisou alterar as exigências. No concurso do Ministério do Planejamento, o problema foi atraso na entrega das provas, o que fez com que o exame fosse reaplicado. Já a seleção da Polícia Militar do DF já foi paralisada três vezes.