Brasília - O crescimento do déficit em conta-corrente é resultado da maior dinâmica da atividade econômica, afirmou nesta quinta-feira (22/4) o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Altamir Lopes.
Segundo Lopes, o aumento do déficit em conta-corrente está relacionado, por exemplo, ao crescimento ;forte de pagamento de aluguel de equipamentos;, resultado da ampliação dos investimentos das empresas. ;E tem também o crescimento acentuado dos gastos com transportes. À medida que a corrente de comércio volta a crescer, é natural que se tenha mais dispêndio com transportes, na forma de fretes.;
As viagens de brasileiros ao exterior também contribuem para o resultado. ;Com ganho de renda e emprego, as despesas [de brasileiros no exterior] estão crescendo muito mais do que as receitas [deixadas por estrangeiros em viagem ao Brasil];, afirmou Lopes.
Outro fator, segundo ele, é que as empresas estão tendo mais lucros e, consequentemente, remetendo mais dinheiro para o exterior. ;É natural que haja remessas mais elevadas na forma de remessas de lucros e dividendos.; De janeiro a março, as remessas de lucros e dividendos somaram US$ 4,586 bilhões, contra US$ 3,556 bilhões observados no mesmo período de 2009.
Lopes também afirmou que a conta de receitas e despesas de juros está sendo influenciada pela menor taxa internacional. ;A redução da taxa de juros internacional tem reduzido a remuneração que se aufere com a aplicação das reservas internacionais e isso tem um efeito sobre a despesa líquida de juros, o que é algo passageiro;.
De acordo com ele, ;na medida em que a política monetária no exterior voltar a ser mais ativa, evidentemente esse quadro muda;. De janeiro a março, a despesa líquida com juros ficou em US$ 3,053 bilhões, contra US$ 2,570 bilhões registrados no mesmo período de 2009.
O chefe do Departamento Econômico do BC acrescentou que ;o saldo comercial tem também uma participação expressiva nessa piora [no déficit em transações correntes], por força do aumento das importações;. Mas a expectativa é que, a partir de maio deste ano, o país tenha saldo comercial melhor, com aumento das exportações. Isso porque os preços das commodities estão subindo e deve haver ampliação da quantidade exportada, com a recuperação da economia externa, explicou.
Lopes também afirmou que o investimento de estrangeiros no setor exportador brasileiro, como em recursos minerais, deve estimular as vendas ao exterior.