Candidatos a uma vaga no serviço público estão enfrentando, com frequência crescente a cada concurso, um novo obstáculo: o despreparo de quem os seleciona. Problemas como o que ocorreu no último domingo, quando os inscritos para o Ministério dos Transportes tiveram as provas trocadas, têm se tornado cada vez mais comuns. Questionados, os órgãos e as empresas responsáveis pelas seleções classificam as falhas apenas como pequenos ;incidentes; (leia ao lado). Para os inscritos, porém, os transtornos são grandes e custam muito dinheiro.
O presidente da Associação Nacional de Proteção aos Concursos Públicos (Anpac), Ernani Pimentel, disse que a questão é estrutural. ;O volume de concursos dos últimos anos fez surgir muitas empresas e boa parte delas despreparadas;, avaliou. Para a candidata Maria Rina, a experiência do último domingo foi uma decepção. ;É muito frustrante estudar, se dedicar, gastar com cursinho e inscrição para ser tratado com descaso;, disse. Ela tentou uma vaga de nível médio para o Ministério dos Transportes. ;Só percebi quando cheguei em casa.;
O atendimento prestado pelas organizadoras é motivo de reclamação constante. Durante a semana, praticamente todas as empresas organizadoras dispõem de um telefone de contato ou e-mail para atender os candidatos em horário comercial. Mas, nos fins de semana, quando ocorrem as provas, a situação muda. O Correio não conseguiu contato com a Funrio, protagonista de vários problemas recentes. O Instituto Cetro não respondeu sobre o assunto.
Ministério pede esclarecimentos
O Ministério dos Transportes informou, em nota, que está ciente do ;incidente registrado em uma das salas da Unieuro; e que solicitou à empresa contratada, Instituto Cetro, o ;completo esclarecimento do episódio; para que tome as medidas cabíveis. A organizadora está investigando antes de se pronunciar. No domingo, um grupo de candidatos ao cargo de nível superior (analista técnico-administrativo) provocou tumulto depois de constatar que as provas entregues eram de agente administrativo, posto que exige nível médio. O concurso seleciona 170 servidores para substituir terceirizados com contratos irregulares no ministério. Os aprovados vão receber R$ 2.067 e R$ 2.643, de acordo com o cargo.