O órgão regulador da bolsa americana, SEC, anunciou nesta sexta-feira (16/4) que o banco de investimentos Goldman Sachs é culpado de fraude na venda de títulos de investimentos relacionados com créditos hipotecários de alto risco, conhecidos como "subprime".
Em reação imediata, o Goldman Sachs considerou "totalmente infundadas" as acusações da SEC e afirmou que se defenderá vigorosamente.
Goldman Sachs e um de seus executivos, Fabrice Tourre, são acusados de terem fraudado investidores "fazendo declarações enganosas e silenciando fatos essenciais sobre certos produtos financeiros relacionados com empréstimos subprime quando o mercado imobiliário residencial começava a cair".
O banco teria ocultado principalmente o fato de que um de seus importantes clientes, o fundo de investimentos Paulson, impulsionou a criação desse produto financeiro no exato momento que esse fundo tomou posições apostando na queda do mercado imobiliário.
"Goldman, enganosamente, permitiu a um cliente que operava contra o mercado hipotecário, influenciar fortemente para que certos títulos imobiliários fossem incluídos em um pacote de investimentos, quando, ao mesmo tempo, dizia a outros investidores que esses títulos haviam sido escolhidos por um terceiro independente e objetivo", acusou um alto funcionário da SEC, Robert Khuzami, citado em um comunicado.
A acusação da SEC nomeia Fabrice Tourre, um vice-presidente do banco de investimentos nova-iorquino, como principal responsável por esta manobra, que remonta a abril de 2007.
O fundo Paulson pagou a Goldman Sachs 15 milhões de dólares pela criação deste produto financeiro, segundo a SEC. Os investidores, por sua parte, teriam perdido no total mais de 1 bilhão de dólares na aventura.
Em função da denúncia da SEC, as principais bolsas europeias fecharam no vermelho. A bolsa de Paris caiu 1,94%, Londres 1,39%, Frankfurt 1,76% e Madri, 2,29%.
Wall Street também registrava tendência negativa influenciada pela notícia.
Mais cedo, o site do Financial Times informou que o fundo de investimentos imobiliário Whitehall Street International, administrado pelo Goldman Sachs, perdeu quase todo seu valor, 1,8 bilhão de dólares.
No fim de 2009, os ativos do fundo não superavam 30 milhões de dólares, segundo o relatório anual enviado pelo fundo aos clientes, e do qual o jornal obteve uma cópia.
O banco é o principal investidor no fundo, com um aporte de 436 milhões de dólares.
O Whitehall Street, fundado em 2005, investiu a maior parte de seu capital nos Estados Unidos, Alemanha e Japão, países muito afetados pela explosão da bolha imobiliária.