O Governo Federal não conseguiu repetir, em fevereiro, o bom resultado que obteve em janeiro para as contas públicas. Conforme previa o mercado, no segundo mês do ano, as contas do Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) fecharam no vermelho, com déficit de R$ 1,1 bilhão. Em janeiro, esse resultado tinha sido positivo em R$ 13,9 bilhões. Com isso, o número acumulado nos dois primeiros meses do ano é de R$ 12,8 bilhões, resultado que ficou R$ 2,9 bilhões a mais do que o registrado em igual período de 2009.
O resultado de fevereiro ainda é melhor do que o conferido nos primeiros meses de 2009, quando o país estava mergulhado na mais forte recessão dos últimos 80 anos. Apesar de baixo, o superávit primário (receitas para pagamentos de juros da dívida), no acumulado dos últimos 12 meses, está em 1,54% do Produto Interno Bruto (PIB) ; a soma das riquezas produzidas pelo país.
Mesmo que tenha vindo deficitário, o resultado de fevereiro contribuiu para que a meta do primeiro quadrimestre a ser executada pelo Governo Central ficasse já bem próxima de todo o resultado dos quatro primeiros meses. Em fevereiro, a quantia economizada pelo governo para o pagamento de juros da dívida somou R$ 12,4 bilhões de reais, enquanto que a meta para todo o quadrimestre é de R$ 18 bilhões.
O baixo resultado primário obtido até fevereiro decorre do aumento das despesas do governo com projetos de infraestrutura. Até o segundo mês do ano, o desembolso acumulado do mês em investimento soma R$ 5,441 bilhões. Em igual período do ano passado, esta mesma cifra era duas vezes menor, registrando R$ 2,704 bilhões.
No confronto entre os meses de janeiro e fevereiro de 2010 com janeiro e fevereiro de 2009, as despesas de capital (investimento) ampliaram 81,5%, enquanto que as despesas com custeio (manutenção da máquina pública) ampliaram 5,3%. Até o ano passado, este quadro era o inverso do que ocorre agora. Por ter registrado perdas enormes de arrecadação, e ter se comprometido com reajustes para diversas categorias do funcionalismo público, o governo acabou ampliando as despesas de custeio num patamar muito maior do que as despesas de capital, contribuindo para que a taxa de formação bruta de capital fixo, que mede os investimentos produtivos do país caísse mais de dois pontos percentuais na proporção do PIB.