Jornal Correio Braziliense

Economia

Banco do Brasil e Caixa negam aumento de juros e criticam ranking do BC

Brasília - Os presidentes do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, e da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Coelho, negaram nesta quarta-feira (24/3) que os bancos oficiais tenham reajustado as taxas de juros neste ano. Após reunião com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para avaliar o comportamento do crédito, eles criticaram o ranking diário divulgado pelo Banco Central, que aponta aumento nos juros médios cobrados pelas duas instituições.

Segundo Bendine e Maria Fernanda, a metodologia do BC leva em conta apenas a taxa média cobrada em cada tipo de linha de crédito, sem considerar os juros máximos e mínimos. Dessa forma, caso clientes com risco mais elevado de crédito obtenham empréstimos em determinada data, os juros médios aumentam, embora as taxas mínimas e máximas não tenham sofrido alteração.

;É a taxa média que leva à distorção. Dependendo do dia, a base de comparação está diferenciada porque se mais clientes do tipo A [com risco menor] pegarem empréstimos, a taxa média cai. Se for o contrário, os juros aumentam na média;, ressaltou Maria Fernanda.

Tanto a presidente da Caixa como o presidente do Banco do Brasil sugeriram que o Banco Central passe a divulgar apenas as taxas mínimas e máximas. ;Essa é uma reivindicação não apenas das instituições oficiais, mas de todos os bancos públicos e privados. É importante esclarecer que não somos contra a divulgação do ranking, mas apenas queremos ajustes na metodologia;, disse Bendine.

Os dois presidentes admitiram que a entrada de novos clientes provocadas pela expansão do crédito aumenta o risco médio do crédito nas instituições. ;Não temos a história dos novos clientes. Por isso, oferecemos juros mais altos para eles do que para quem tem um histórico de relacionamento com a instituição;, afirmou a presidente da Caixa. Apesar disso, eles asseguraram que o comportamento do crédito está dentro das previsões.

;Não há superaquecimento nem forte demanda. O comportamento do crédito está em linha com o planejado pelo setor financeiro, que prevê crescimento de 17% a 22% neste ano;, destacou Bendine.

No caso de um aumento da Selic, que define os juros básicos da economia, Bendine e Maria Fernanda admitiram que os dois bancos devem aumentar as taxas. Segundo eles, o reajuste seguirá critérios técnicos, com base no reflexo da elevação dos juros básicos sobre a carteira de crédito. Os dois também confirmaram que a segunda versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) será lançada na próxima segunda-feira (29) e que os bancos terão papel importante na ampliação de crédito, principalmente para o setor habitacional.