Pesquisa divulgada nesta quarta-feira (17/3) pela Serasa Experian indica que a demanda de empresas por crédito cresceu 11,4% em fevereiro na comparação com o mesmo mês do ano passado. Segundo a entidade, essa é maior alta em 17 meses.
[SAIBAMAIS]Para o economista Luiz Rabi, da Serasa Experian, os dados refletem o desempenho da economia brasileira. "É um sintoma do bom andamento da economia e um sinal de que as empresas estão buscando crédito não apenas para atender à demanda da economia e sim porque também estão mais confiantes nos seus negócios, tanto que estão investindo", destacou.
Calculado mensalmente, o Indicador Serasa Experian de Demanda das Empresas por Crédito mostra que no acumulado dos dois primeiros meses do ano a maior procura por crédito foi verificada nas regiões Nordeste (11,6%) e Centro-Oeste (10,3%).
"A Região Nordeste deve se destacar mais em 2010 por conta dos investimentos do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] e das obras de infraestrutura", explicou Luiz Rabi.
Proprietário de uma indústria de médio porte que fornece equipamentos para a construção civil, o empresário Renato Farias, de Salvador, buscou um empréstimo para aumentar a produção e a capacidade de atender os clientes.
"Houve demanda dos consumidores, tivemos que produzir mais. Mas não foi apenas para isso que peguei o empréstimo, eu precisava manter o estoque e aumentar os bens de consumo da produção", afirmou.
Segundo o economista Luiz Rabi, o empresariado segue a tendência de Farias, que usou crédito para investir na sua indústria. Dona de uma agência de design, a empresária Karen Santos, de São Paulo, recebeu uma oferta do gerente do banco para pegar um empréstimo e resolveu usar duas linhas: a de capital de giro e a do cheque especial. "O gerente me ligou oferecendo [crédito] porque viu que eu estava movimentando bem a conta. Usei o dinheiro para fazer meu capital girar e aproveitei para investir em novos equipamentos".
A pesquisa da Serasa Experian aponta que as empresas como a de Karen, do setor de serviços, lideraram a procura pelo crédito. Em relação ao mesmo mês do ano passado, o crescimento nesse setor foi de 13,% em fevereiro, enquanto no comércio cresceu 10,6% e na indústria, 7,9%.
Luiz Rabi lembrou que o setor industrial é muito ligado ao de exportações, que ainda não se recuperou totalmente da crise financeira internacional. "Aquelas indústrias preocupadas em atender o mercado interno, bem como o comércio e setor de serviços, são as que vão ser mais privilegiadas nesse contexto", disse.
Outro dado do estudo é que na Região Norte a demanda das empresas por crédito foi 12,5% maior em fevereiro na comparação com igual mês de 2009.
"Para nós foi necessário porque eu precisava investir em mercadorias", contou a proprietária de uma loja de moda feminina de Belém, Fabrisia Almeida. Segundo ela, o dinheiro também foi usado para construir a loja em um novo shopping da cidade. "Também precisei comprar equipamentos."