Jornal Correio Braziliense

Economia

Democratas apresentam novo plano para Wall Street

O influente senador Chris Dodd apresentou nesta segunda-feira (15/3) uma nova proposta de regulamentação do setor financeiro - projeto que se tornou emblema do governo Obama -, pressionado entre as demandas dos investidores e o intenso lobby promovido por Wall Street.

O projeto de lei apresentado nesta segunda-feira pelo senador democrata Cfaz do Federal Reserve (Fed) o principal regulador das grandes instituições financeiras americanas, além de criar a autoridade de proteção dos usuários de serviços financeiros.

Dodd decidiu na semana passada, depois de diversos meses de negociações com a oposição republicana, que tinha chegado o momento de passar à ação. "Devo enfrentar o que chamo de décimo senador, ou seja, o tempo. Particularmente neste ano eleitoral", declarou à imprensa.

Mas os republicados não apóiam a reforma do sistema financeiro do jeito que está, tendo como objetivo recuperar a confiança dos investidores e superar as lacunas que originaram a crise financeira, com auge em setembro de 2008.

O senador Dodd e seus colaboradores trabalharam durante todo o fim de semana até as primeiras horas da madrugada de segunda-feira para finalizar os últimos detalhes do plano.

Entre as medidas do projeto de reforma deve estar a criação - bastante controversa - de uma agência financeira de proteção ao investidor.

Depois de longas negociações com os republicados, Dodd aceitou colocar a agência sob supervisão do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, dando ao órgão poderes que não tinha na primeira versão do plano, apresentada no segundo semestre do ano passado.

Esta agência supervisionaria os bancos cujos ativos superem os US$ 50 bilhões, ou seja, instituições financeiras médias e grandes.

Dodd anunciou na semana passada que não esperava "um apoio universal" a esse projeto, que inquieta os bancos.

O texto deverá apontar soluções aos problemas apresentados pelas grandes instituições financeiras, cujas debilidades foram reveladas pela crise, proibindo que esses bancos - consideradas muito grandes para quebrar ("too big to fail") - chegassem a um tamanho considerado excessivo. A ideia é impor a elas a manutenção de reservas maiores para absorver um eventual choque financeiro.

A principal discordância entre democratas e republicanos é sobre a reforma do imenso mercado de títulos derivados de dívida, apontados como causadores da crise. A intenção é impor maior transparência a esse mercado, ponto em que as instituições financeiras dispõem de poderosos grupos de pressão.

O presidente Barack Obama tinha advertido em 27 de janeiro em seu discurso sobre o Estado da União, diante do Congresso, que seria inflexível sobre a reforma do sistema de regulação financeira, e que devolveria aos congressistas qualquer projeto que não representasse uma reforma real.

Apesar das últimas mudanças sugeridas pela oposição, Dodd anunciou que o novo projeto deve ser analisado pelo Comitê Bancário do Senado antes do fim deste mês, com o objetivo de abrir logo o caminho para sua aprovação final na câmara alta.