Jornal Correio Braziliense

Economia

Alta na taxa de juros pressionará fundos de pensão

O superavit do sistema fundos de pensão no ano passado, proporcionado pela recuperação da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), não impediu que 62 planos de benefício definido registrassem um deficit atuarial de R$ 10,72 bilhões. Do total de 340 planos antigos de benefício definido, 82 foram superavitários em 2009. Nesse caso, o saldo positivo foi de R$ 66,72 bilhões. Os demais planos estão equilibrados. O balanço dos fundos de pensão foi feito ontem pelo diretor superintendente da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), Ricardo Pena. De acordo com Pena, a rápida recuperação da economia contribuiu para que os fundos conseguissem, em 2009, superar as perdas sofridas com a crise econômica. A rentabilidade, que foi negativa em 2008 em 1,27%, virou, com as entidades fechando 2009 com uma rentabilidade nominal (sem descontar a inflação) de 21,48%. %u201CA rentabilidade real ficou em torno de 10% em 2009, superior à meta atuarial das entidades%u201D, disse Ricardo Pena. Mesmo assim, o diretor superintendente da Previc está preocupado com o futuro. Ele afirmou que no novo cenário macroeconômico, de taxas de juros em queda, os fundos serão forçados a sair da %u201Czona de conforto%u201D, que constituem as aplicações em títulos públicos, e se arriscar mais no mercado de ações com títulos privados. %u201CMuitos fundos já estão reorientando suas políticas de investimento%u201D, observou. Na análise de Pena, a mudança não será da noite para o dia, uma vez que nos papéis mais longos as entidades conseguem ainda taxas vantajosas. Para forçar os fundos a se adequarem mais rapidamente à nova realidade, ele pensa em propor mudança na resolução que estabelece juros de 6% como meta atuarial (acima de um índice de preços, geralmente o Índice Nacional de Preços ao Consumidor, INPC). Pena explica que juros menores implicam em maior aporte de recursos, tanto por parte dos participantes quanto dos patrocinadores. %u201CMuitos fundos, com folga, já estão fazendo isso%u201D, disse, referindo-se à mudança da meta atuarial para 5%.