Jornal Correio Braziliense

Economia

Lula diz que Brasil exerce sua soberania ao impor retaliações aos Estados Unidos e pede respeito à OMC

Cubatão (SP) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (10/3) que o Brasil está exercendo sua soberania ao impor aos Estados Unidos retaliações autorizadas pela Organização Mundial do Comércio (OMC) por causa dos subsídios dados pelo governo americano a seus produtores de algodão.

"Todos nós somos soberanos e queremos ser respeitados como tal. Queremos que a OMC seja respeitada", disse Lula, após a inauguração da Usina Termelétrica Euzébio Rocha, em Cubatão (SP). Após visitar a usina, Lula falou durante cerca de meia hora. No fim do discurso, avisou ao público que explicaria um assunto que está em pauta na imprensa.

"Existe uma instituição chamada OMC que serve para regular o comércio mundial. Há mais de sete anos, o Brasil briga na OMC para que os Estados Unidos parem de dar subsídio, ou seja, parem de ajudar os produtores de algodão. A OMC deu ganho de causa para que o Brasil possa criar dificuldades para eles", afirmou o presidente.

No entanto, segundo ele, na questão do algodão, o Brasil não é o maior prejudicado: "Os que mais
perdem são os africanos, que não têm onde vender o único produto que têm."

Lula disse que não sabia se o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, iria ouvi-lo, mas fez um apelo para que ele colocasse as pessoas para negociar ;o mais rapidamente possível" a questão. Lula criticou os Estados Unidos, afirmando que, se eles tivessem ficado ao lado do Brasil na Rodada Doha, em 2008, os dois não estariam ;brigando; hoje"

[SAIBAMAIS]O presidente ressaltou que o interesse do Brasil não é a questão do algodão em si, pois os produtores do país têm condições de competir no mercado. "O Brasil tem interesse em respeitar a OMC e que os outros a respeitem. Se não respeitarmos e obedecermos a uma instituição multilateral, o mundo vai virar uma bagunça", completou.

"O produtor brasileiro não precisa disso, quem precisa são os pobres dos países africanos, para que possam vender seu algodão no mercado mais rico do mundo, que é o dos Estados Unidos e da Europa. Este é o meu apelo para que os produtores do mundo inteiro trabalhem para um mercado mais justo. Assim, o mundo fica melhor, temos menos guerra e mais paz", concluiu.