A ideia de criação de um Fundo Monetário Europeu, que funcionaria de forma semelhante ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para os países da Eurozona em dificuldades, começa a avançar, devido à crise financeira grega, que pôs em evidência as lacunas da união monetária. A nova entidade reforçaria a cooperação econômica, ajudando os países endividados do bloco. No entanto, alguns de seus membros ainda estão divididos sobre sua finalidade exata.
"A Comissão (Europeia) está pronta para propor um instrumento europeu desse tipo", informou o comissário europeu de Assuntos Econômicos, Olli Rehn, em entrevista publicada nesta segunda-feira (8/3) pelo jornal alemão Financial Times Deutschland.
[SAIBAMAIS]Nesta terça-feira (9/3), Rehn deverá "informar" a todos os membros do executivo europeu das "discussões em curso" sobre o assunto, com a esperança de receber propostas mais amplas, destinadas a coordenar melhor as políticas no seio da zona do Euro, explicou um porta-voz.
A crise fiscal da Grécia, seguida da revelação de um déficit público muito mais importante que o previsto, abriu um debate sobre a necessidade de a zona euro - integrada por 16 países da União Europeia (UE) - dotar-se de um mecanismo de ajuda financeira. Esta possibilidade constituiria uma revolução para a união econômica e monetária, inaugurada em 1999.
O economista-chefe do Banco Central Europeu (BCE), Jürgen Stark, rejeitou a ideia, indicando que "não seria compatível com os fundamentos da união monetária"; aí, segundo ele, cada país membro deve ser responsável por suas finanças e suas dívidas, de acordo com editorial do jornal alemão Handelsblatt. Até o momento, e de forma paradoxal, só os países da UE não membros da zona euro podem receber empréstimos de emergência, tal como se viu durante a crise com Letônia, Hungria e Romênia.
Um mecanismo desde tipo não estava previsto na Eurozona devido ao bloqueio da Alemanha, que via nessa possibilidade um estímulo ao laxismo em relação ao orçamento nos países que utilizam a moeda única. No entanto, a crise grega mudou a situação. "Para a estabilidade da zona euro, necessitamos de uma instituição que disponha das experiências do FMI (Fundo Monetário Internacional) e de poderes de intervenção similares", afirmou o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Sch;uble.
Sch;uble tem pensado em fazer propostas "proximamente" em sintonia com a França, destacou um assessor. "Uma união monetária deve ser capaz de superar as crises por si mesma", já que pedir ajuda ao exterior é "um sinal de debilitamento deste espaço", argumentou. Resta saber o modo preciso de funcionamento deste fundo, uma questão que promete um debate animado entre os países europeus.
Os empréstimos a serem concedidos por um fundo europeu terão como contrapartida "condições estritas" a respeitar, como, às vezes, reformas impopulares, tal como pede o FMI, advertiu Olli Rehn. Os alemães insistem muito nesse aspecto.
Segundo o diário Financial Times Deutschland, Berlim quer, inclusive, reforçar o arsenal de sanções contra os países da zona euro demasiado flexíveis na área orçamentária: supressão de subvenções e cancelamento, durante um ano dos direitos de voto nas reuniões ministeriais da UE.