Maior economia da União Europeia (UE), a Alemanha avisou que não vai ajudar financeiramente a Grécia a superar sua grave crise fiscal, que ameaça a estabilidade do euro. O ministro alemão da Economia, Rainer Bruderle, foi duro ao transmitir o recado indiretamente ao primeiro-ministro grego, Georges Papandreou. "Ele disse que não queria um centavo e o governo alemão não dará um centavo", disse após um encontro com o comissário europeu da Indústria, Antonio Tajani. Além do forte ajuste nas contas públicas promovido pelo governo grego, analistas ainda esperavam o auxílio da Alemanha e da França para solucionar o problema.
[SAIBAMAIS]Bruderle antecipou a indisposição de contribuir que seria informada a Papandreou pela própria chanceler alemã, Angela Merkel, numa reunião poucas horas depois em Berlim. Após o encontro, ela confirmou que o chefe de governo grego, de fato, não pediu nenhuma ajuda financeira para solucionar o deficit público, que supera os 12% do Produto Interno Bruto (PIB), e a dívida de 300 bilhões de euros (US$ 480 bilhões). Segundo ela, a emissão de títulos que o Tesouro fez nesta semana, no valor de US$ 19,8 bilhões, obteve êxito e tranquilizou os mercados financeiros.
Papandreou afirmou que a Zona do Euro tomará "todas as medidas necessárias" para manter a estabilidade da moeda comum. Ele conta com a ajuda dos demais países europeus na captação de recursos no mercado em melhores condições. "Se não recebermos essa ajuda, não poderemos fazer as mudanças que queremos", disse. Esse auxílio poderia ser feito na forma de garantias para as emissões.
Confronto
As declarações do primeiro-ministro, contudo, não foram suficientes para tranquilizar a opinião pública grega. Ontem, em Atenas, cerca de 12 mil jovens foram às ruas protestar contra as medidas de austeridade para reequilibrar as contas públicas. Houve confronto com a polícia, que disparou gás lacrimogêneo na tentativa de dispersar a multidão em frente ao Congresso, onde os parlamentares votavam o pacote de 4,8 bilhões de euros (US$ 6,5 bilhões). Parcialmente aprovado, o pacote inclui cortes nos salários dos servidores públicos e aumento de 2% no Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços.
Greves fecharam escolas e interromperam o transporte público na capital. Os únicos ônibus circulando pelas ruas da cidade eram da polícia antichoque. No aeroporto, mais de 60 voos foram cancelados com a paralisação dos serviços convocada pelos sindicatos.