Jornal Correio Braziliense

Economia

Obama defende plano de estímulo da economia um ano depois de seu lançamento

O presidente americano, Barack Obama, defendeu nesta quarta-feira (17/2) o plano de estímulo da economia que lançou há um ano, no auge da crise financeira, e acusou seus adversários de não reconhecer os benefícios de um dispositivo que, afirmou, impediu que o país afundasse em uma segunda Grande Depressão.

"Um ano depois, é em parte graças ao plano de estímulo que uma segunda depressão - como a dos anos 30 - já não é uma possibilidade", afirmou Obama, rebatendo críticas de parlamentares republicanos, para quem a iniciativa aumentou principalmente o déficit. "Agimos porque não fazê-lo nos teria levado a uma catástrofe", acrescentou o presidente, referindo-se ao plano de 787 bilhões de dólares assinado em 17 de fevereiro de 2009 em Denver, no Colorado, menos de um mês depois de sua posse.

No entanto, mesmo que os Estados Unidos tenham começado a sair da recessão econômica no segundo semestre de 2009, a criação de empregos ainda é lenta e a taxa de desemprego oficial se mantém historicamente alta, a 9,7%. Obama admitiu que, diante destes números, muitos de seus compatriotas podem ter a impressão de que o plano não funcionou. "Milhões de americanos continuam desempregados. Outros milhões mais têm dificuldades para chegar ao fim do mês. Não temos a impressão de que haja uma reativação (da economia). Eu entendo", ponderou Obama, que discursou ao lado do vice-presidente Joe Biden, encarregado de supervisionar a aplicação dos recursos do plano de estímulo. Também estavam com o presidente dois empresários que registraram um aumento de sua produtividade no ano passado graças ao programa, segundo a Casa Branca.

De acordo com um relatório dos serviços de Biden, o plano de estímulo impulsionou a taxa de crescimento entre 2 e 3 pontos ao longo do segundo trimestre de 2009, entre 3 e 4 pontos no terceiro e entre 1,5 e 3 pontos no quarto. "No primeiro trimestre do ano passado, esta economia se contraía a um ritmo de 6%. No último trimestre, cresceu mais de 6%. Algo está acontecendo", afirmou Biden.

A Casa Branca e os democratas, que enfrentam o descontentamento dos americanos em relação aos resultados econômicos a menos de dez meses de uma crucial eleição legislativa, destacam o fato de terem herdado uma situação muito difícil do governo anterior, e defendem-se afirmando terem tomado medidas agressivas para salvar o sistema financeiro do colapso. Obama rebateu acusações feitas por congressistas republicanos sobre a ineficácia do plano de estímulo. "Estão tentando ganhar pontos atacando o que fizemos, apesar de muitos deles estarem presentes nas cerimônias de inauguração de projetos (ligados ao plano de estímulo) em suas regiões", ironizou o presidente.

Os líderes republicanos no Congresso denunciam que o plano de Obama contribuiu para aumentar o enorme déficit orlamentário americano. "Os americanos perderam milhões de empregos, a taxa de desemprego continua próxima de 10%, o déficit continua aumentando", afirmou o líder dos republicanos no Senado, Mitch McConnell. "Não é o plano que os americanos pediam nem os resultados que foram prometidos", acrescentou. John Boehner, líder da bancada republicana na Câmara dos Representantes, destacou por sua vez que os americanos "só têm dívidas que se amontoam sobre as cabeças de nossos filhos e netos".