A Organização Internacional do Trabalho (OIT) alertou hoje (30) que a crise do emprego e do trabalho decente já existia antes mesmo do ápice da crise financeira internacional. Ao final de 2008, por exemplo, 200 milhões de pessoas estavam desempregadas e a metade das que estavam empregadas trabalhava recebendo menos de US$ 2 por dia. Outros 20% dos trabalhadores recebiam ainda menos e eram considerados extremamente pobres.
Ao participar do Fórum Social Mundial Temático da Bahia, a representante da OIT no Brasil, Laís Abramo, acredita que o que acontecia era um profundo processo de desvalorização do trabalho e de supervalorização do mercado financeiro. %u201CFoi e está sendo uma crise de paradigmas%u201D, acrescentou.
Mas, de acordo com Laís, a resposta da maioria dos países à crise financeira internacional teve um elemento em comum: a revalorização do papel do Estado e dos mercados internos. %u201CEles enfrentam a crise de uma forma diferente das crises anteriores, quando a resposta era o ajuste, a privatização%u201D, explicou.
Ela avaliou que o Brasil, em particular, vem enfrentando a crise em condições bastante melhores do que em momentos anteriores. A saúde financeira do país, segundo Laís, está muito melhor e foi feita uma aposta na valorização do Estado, do mercado interno e da inclusão social.
%u201CPara recuperar o crescimento econômico era necessário distribuir%u201D, disse, ao citar iniciativas como o programa Bolsa Família, a Previdência e as políticas de salário mínimo. Segundo a OIT, apenas cinco países da América Latina trabalham com alternativas como o seguro desemprego. %u201CIsso faz muita diferença na crise.%u201D
Durante o evento, a representante do Ministério do Trabalho, Isa Simões, destacou uma das grandes preocupações do governo é a inserção de jovens no mercado de trabalho e a sua qualificação. Outra questão é o alto número de brasileiros que trabalham na informalidade. %u201CSabemos que ainda precisamos crescer muito%u201D, afirmou.
%u201COutra questão é a jornada de trabalho, principalmente para as mulheres. Precisamos também, urgentemente, de propostas de mudanças em toda a estrutura sindical, principalmente na participação dos trabalhadores dentro das empresas e fábricas.%u201D