Jornal Correio Braziliense

Economia

Desconto oficial do imposto em geladeiras, lavadoras e fogões vale até este domingo

Reajustes deverão variar entre 2% e 10%

O consumidor que ainda quer aproveitar os preços baixos da isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a linha branca de eletrodomésticos tem que se apressar. Amanhã é o último dia de vigência do desconto nas alíquotas de geladeiras, máquinas de lavar e fogões. A partir de segunda-feira, esses produtos voltam às bases originais de tributação. As redes varejistas alertam, entretanto, que os preços baixos devem permanecer enquanto durarem os estoques das lojas, algo entre 30 e 40 dias. Depois disso, dizem, serão obrigadas a repassar para o cliente o aumento de imposto que virá das fábricas.

Com o fim do desconto, a expectativa é que as vendas desses produtos caiam entre 10% e 15%, segundo acredita a Confederação Nacional do Dirigentes Lojistas (CNDL). Já os reajustes, sem a redução do IPI, devem ficar entre 2% e 10% na maioria dos casos. Pensando nisso, o casal de servidores públicos Ana Paula de Souza e Raimundo Macedo de Souza decidiu ir às compras. ;Há algum tempo, pensávamos em trocar o fogão e a geladeira, mas nos apressamos para aproveitar o desconto;, disse Raimundo, que percorreu de quatro a cinco lojas em busca do menor preço. E ficou satisfeito com o que encontrou. ;Vimos diversas promoções. E a possibilidade de parcelar a compra também nos agradou bastante;, assinalou o servidor, que fazia compras com os filhos Giovanna de Souza, 12 anos, e Vitor de Souza, 8.

Como o casal, milhares de brasileiros decidiram aposentar os eletrodomésticos velhos da cozinha e comprar tudo novo. Números da consultoria de varejo GFK informam que o consumo de linha branca deu saltos espetaculares no fim do ano passado, com destaque para as geladeiras e os fogões. Em outubro, esses produtos tiveram uma alta nas vendas na ordem de 90%, quando comparados com os números do mesmo mês de 2008, quando o Brasil havia entrado em crise. Mas nem todos correram às compras. A aposentada Rosane Monclaro, por exemplo, prefere acreditar em novos descontos do IPI no futuro. ;Acho que deve ser prorrogado de novo. No ano passado, foram duas vezes. Por isso, não penso em comprar agora. Talvez, no ano que vem.;

Meses bons

;Foram 10 meses muito bons desde a primeira redução do IPI (em 17 de março de 2009). Se não fosse isso, teríamos tido um resultado desastroso no ano passado;, mencionou ao Correio o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Lourival Kiçula, que disse ter mandado uma mensagem no celular do ministro da Fazenda, Guido Mantega, para agradecê-lo pelos bons meses de IPI reduzido. ;Contratamos 5 mil pessoas por causa disso. Agradeci, porque foram dez meses muito bons, e estaríamos em grandes dificuldades se não fosse isso;, justificou.

A manutenção do IPI reduzido era uma das bandeiras do setor produtivo e do varejo, que alegavam que o desconto beneficiava não só o consumidor como também o governo. Contudo, no entendimento do governo, ao prorrogar os incentivos tributários, abre-se um espaço para uma alta do consumo das famílias, o que, combinado com o crescimento econômico, pode gerar inflação. A tese é contestada pela indústria, que propõe uma redução linear na base de impostos para o desenvolvimento sustentável da economia. ;A redução do imposto criou um círculo virtuoso na economia. No lugar de retirar o benefício, a indústria espera que a isenção seja estendida a outras cadeias, como o setor de alimentos, por exemplo;, rebateu o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf. Os trabalhadores endossaram a reivindicação. ;É uma insensibilidade social do Ministério da Fazenda não prorrogar a redução do IPI. A eliminação desse incentivo é prematura e pode trazer incertezas para os setores envolvidos, gerando desemprego;, alertou, em nota, a Força Sindical.