A queda da taxa básica de juros (Selic), de 13,75% para 8,75% ao ano em 2009, não aliviou o peso da dívida pública nas contas do governo. Segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, as despesas com juros totalizaram R$ 169,1 bilhões ; recorde histórico ;, o correspondente a 5,4% do Produto Interno Bruto (PIB). Isso significa dizer que, ao longo do ano passado, cada um dos 192,4 milhões de brasileiros arcou com R$ 880 dessas despesas, fatura que pode aumentar neste ano caso o BC seja obrigado a elevar a Selic para conter pressões inflacionárias decorrentes, sobretudo, do incremento dos gastos públicos.
A conta dos juros acompanhou o crescimento da dívida líquida do setor público, que pulou, entre 2008 e 2009, de R$ 1,153 trilhão para R$ 1,345 trilhão ; um aumento de R$ 192 bilhões ;, batendo em 43% do PIB. No entender de Altamir, esse salto não deve, porém, ser visto com preocupação, pois não se trata de descontrole. ;Do ponto de vista de solvência (da dívida), não há com o que se preocupar. A dinâmica da dívida é de queda. Pelas nossas projeções, a relação com o PIB fechará 2010 em 40%;, assegurou. Ele destacou também que boa parte do aumento no ano passado decorreu do comportamento do câmbio. Enquanto, em 2008, a moeda americana registrou alta de 32%, jogando o endividamento para baixo, já que o Brasil é credor em dólar, em 2009, houve o inverso, uma vez que o real subiu 26%.
Trajetória
Na avaliação do economista do BC, também a dívida bruta do setor público, que não desconta as reservas internacionais do país, de US$ 240 bilhões, nem os créditos a receber, está com trajetória de queda. Não foi, porém, o que se viu no ano passado, quando o endividamento bruto passou de R$ 1,740 trilhão ( 56,3% do PIB) para R$ 1,973 trilhão (63% do PIB). É a dívida bruta que os analistas e as agências de classificação de risco olham para avaliar a saúde financeira de um país.