A fila do desemprego no Brasil ficou menor em
2009.
Em dezembro, a taxa de desocupação retornou ao menor nível da série histórica, 6,8%, na comparação
com novembro. Um percentual assim havia sido registrado uma única vez, um ano antes, em dezembro de
2008. Mesmo com a crise econômica mundial, o país seguiu na contramão do restante do mundo e,
segundo especialistas, conseguiu segurar o mercado de trabalho em função do forte consumo doméstico.
Tamanha atividade interna fez o índice de desemprego acumulado em 2009 ficar em 8,1%, o segundo
menor desempenho já registrado na pesquisa do IBGE iniciada em 2002 (veja
quadro).
Dezembro passado foi um mês positivo para o mercado de trabalho. A quantidade de
pessoas com alguma ocupação remunerada aumentou 1% frente a novembro e 1,4% comparado com igual mês
de 2008. Com o incremento mensal, o contingente de empregados chegou a 21,8 milhões de pessoas nas
seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE. ;O que sustentou esse bom desempenho foi o
mercado interno. Houve expansão da renda nos últimos anos, o que gerou movimento no comércio. O
varejo, durante a crise, não sofreu retração, até cresceu. Isso permitiu que a geração de empregos
continuasse;, explicou o professor de economia da Trevisan Escola de Negócios Alcides
Leite.
Ainda segundo o professor da Trevisan, não há indício de que a o mercado de
trabalho vá ;dar sustos; no brasileiro, ao menos em curto prazo. ;Para 2010, o desempenho vai ser
semelhante ao de 2009;, afirmou. ;O setor de serviços, em geral, é o que oferece mais postos de
trabalho. Contudo, a partir deste ano, a construção civil vai puxar a alta do emprego com obras para
a Copa do Mundo, Olimpíadas, projetos de infraestrutura e de moradia. O país está entrando em uma
fase de investimentos que demandam muito da construção civil;, disse Alcides
Leite.
Direitos
A despeito do bom resultado do emprego no ano
passado, nem todas as vagas oferecidas foram com carteira assinada, que garantem ao trabalhador
maior cobertura social. A estudante de direito Aline Campos, 20 anos, é uma dos muitos brasileiros
que garantiram espaço no mercado de trabalho em 2009, mas aos quais ainda resta conquistar uma
oportunidade com direitos trabalhistas assegurados.
Em dezembro, Aline se tornou
corretora imobiliária. A função não tem registro em carteira, no entanto, de acordo com ela, vale a
pena pelas comissões. Com os rendimentos que obtém, consegue pagar as mensalidades da faculdade e
passar o mês tranquila. ;Nestes últimos anos, tenho a impressão de que há cada vez mais
oportunidades;, afirmou a estudante.
Confira áudio: Alcides Leite, professor de
economia da Trevisan Escola de Negócios:
DANÇA
DAS VAGAS
Desemprego médio anual
2002 -
11,6%
2003 - 12,3%
2004 - 11,5%
2005 - 9,8%
2006 - 10%
2007 -
9,3%
2008 - 7,9%
2009 - 8,1%
Taxa mensal em
2009
Janeiro - 8,2%
Fevereiro - 8,5%
Março - 9%
Abril -
8,9%
Maio - 8,8%
Junho - 8,1%
Julho - 8%
Agosto - 8,1%
Setembro -
7,7%
Outubro - 7,5%
Novembro - 7,4%
Dezembro - 6,8%
Fonte:
IBGE
Receita para o INSS
Entre 2003 e 2009, a população
desempregada diminuiu 28,7%, o que representa 752 mil pessoas a menos em busca de trabalho. Em igual
período, o contingente de empregados aumentou 14%. O período analisado pelo IBGE compreende o início
do governo de Luiz Inácio Lula da Silva até o ano passado e não faz comparações com administrações
anteriores. ;Este período de sete anos foi uma época de restruturação. Não dá para pensar em dois
governos sem entender que haviam situações diferentes. Os avanços de hoje se devem aos ajustes do
passado;, disse o professor de economia Alcides Leite.
Entre os dados positivos colhidos
pelo levantamento está o incremento na quantidade de trabalhadores que passaram a contribuir para a
Previdência Social: no último ano, o indicador chegou a 66,8% da população ocupada ; maior número já
registrado desde 2003, quando a taxa estava em 61,2%, o que representa um aumento de 24,3% desde o
primeiro ano de Lula como presidente. O nível educacional dos trabalhadores também melhorou e o
número de empregados com 11 anos ou mais de estudo se elevou em 10,8 pontos
percentuais.
;Tudo isso é reflexo da melhora na economia do país. Está ficando mais fácil
arrumar emprego;, ponderou Alcides Leite. O balanço do mercado de trabalho mostra ainda que mais
mulheres estão empregadas. Elas passaram a 45,1% dos ocupados. Em 2003, eram 43%.