Jornal Correio Braziliense

Economia

Segundo maior banco americano faz reservas de US$ 4,2 bilhões para pagar perdas

O JPMorgan, segundo maior banco dos Estados Unidos em ativos, apresentou, ontem, um balanço lucrativo, mas as perdas com hipotecas e empréstimos comerciais (origem da atual crise mundial) continuaram a crescer, causando séria preocupação no mercado. A divulgação do JPMorgan foi feita 48 depois do anúncio do mesmo tipo de perdas apresentadas pela segunda maior instituição financeira francesa, o Société Générale(1). Por isso, as principais bolsas do mundo apresentaram queda ontem (leia quadro). A maioria dos analistas esperava que o JPMorgan, considerado um dos bancos norte-americanos mais bem administrados, mostrasse sinais de que os custos com créditos estivessem se nivelando ou mesmo começando a cair. ;Não podemos desconsiderar os resultados. Estamos em algum ponto abaixo da recuperação (econômica) do que achávamos que estaríamos;, disse David Dietze, chefe de investimentos da Point View Financial Services.

O banco com sede em Nova York apresentou lucro de US$ 3,3 bilhões (US$ 0,74 por ação) contra US$ 702 milhões (US$ 0,06 por ação) um ano antes. O resultado parece excepcional, mas as feridas da crise provocada pelo subprime (empréstimos de recebimento duvidoso) ainda estão abertas e teme-se uma segunda onda de recessão caso as instituições financeiras não demonstrem mais saúde.

Avaliação
;Apesar de vermos alguma estabilidade na inadimplência, os custos com crédito ao consumidor continuam altos e o índice de emprego e preços de moradias continuam fracos;, disse o presidente-executivo do JPMorgan, Jamie Dimon, ao avaliar o balanço. O banco sofreu perdas crescentes em sua unidade de cartão de crédito e portfólio de hipotecas no último ano.

O banco aumentou a provisão para perdas com hipotecas para US$ 4,2 bilhões no quarto trimestre, contra US$ 653 milhões um ano antes. As reservas para perdas com empréstimos na unidade de banco comercial aumentaram de US$ 190 milhões para US$ 494 milhões na comparação anual.

;O JPMorgan é o termômetro, é o melhor, o mais bem capitalizado e administrado banco;, afirmou James Cox, sócio da Harris Financial Group. ;Era de se esperar que eles seriam o primeiro banco a ser capaz de iniciar o processo de redução de provisões para perdas com crédito, mas isso não aconteceu. Veio o contrário;, acrescentou.

Os índices acionários também sofreram perdas por causa de uma pesquisa mostrando que a confiança do consumidor norte-americano pouco mudou no início de janeiro, já que preocupações com renda e desemprego elevado continuam superando as notícias de melhora da economia. ;As pessoas estão esperando mais crescimento da economia e a confiança não existe;, afirmou o vice-presidente e gestor de portifólio do Christiana Bank & Trust, Thomas Nyheim.

A Bolsa de Valores de São Paulo também foi influenciada pela Oi, que não gostou do atual processo de incorporação da Brasil Telecom envolver dívidas maiores do que as previstas (leia mais na página 18).

1 - Hipotecas
O Société Générale (SocGen, segundo maior banco da França em valor de mercado) emitiu um alerta na quarta-feira, após ter sofrido baixa contábil de 1,4 bilhão de euros (US$ 2,03 bilhões), evidenciando as preocupações de que o pior da crise financeira ainda não esteja para trás. Boa parte das perdas envolve créditos vinculados direta ou indiretamente a hipotecas que não foram pagas por compradores de imóveis.

Vale quer a Fosfértil


A Vale está em negociações com a Bunge para comprar ativos da empresa no segmento de fertilizantes no Brasil, informaram as duas companhias. A mineradora brasileira afirmou ainda que a transação não deve ultrapassar US$ 3,8 bilhões, conforme sua avaliação dos ativos. O negócio com a Bunge do Brasil, subsidiária da Bunge Limited, inclui a participação de 42,3% da empresa na Fosfertil, maior produtora brasileira de matérias-primas para fertilizantes.

Entretanto, as empresas destacam que nenhum acordo foi assinado. O negócio, se confirmado, poderia representar, além do fortalecimento da Vale no setor de fertilizantes, uma volta ao passado: em 2003, a mineradora vendeu a sua participação na Fosfertil para a Bunge por US$ 240 milhões. ;O portfólio total de ativos compreende minas de rocha fosfática e unidades de produção de fertilizantes intermediários com base em fósforo (fosfatados) e nitrogênio (nitrato de amônio e ureia);, afirmou a Vale em comunicado ao mercado.

A Fosfertil acrescentou que a venda, ;caso consumada, não obriga a realização da oferta pública de aquisição de ações preferenciais de emissão da companhia;. Nos nove primeiros meses de 2009, a Fosfertil teve receita líquida de US$ 937,2 milhões, forte queda em relação ao mesmo período de 2008 (US$ 1,64 bilhão), quando o setor de fertilizantes registrou um boom, embalado pelos preços recordes de produtos agrícolas. A Bunge do Brasil é também uma das maiores empresas brasileiras do setor de alimentos, atuando na área de processamento de soja e trigo, além de cana-de-açúcar. Além disso, ela também origina e negocia os produtos, nos mercados externo e interno.

As quedas