Os consumidores brasilienses ganharam mais um dia para comprar gasolina e álcool pagando os preços atuais. Os postos do Distrito Federal adiaram o novo aumento dos combustíveis, que deveria ter entrado em vigor ontem, para 0h de quarta-feira. Ou seja, as bombas serão reajustadas na passagem de terça para quarta-feira. O adiamento foi possível por causa dos estoques formados ainda com os valores antigos, antes da elevação determinada pelas distribuidoras no sábado. Essa reserva é resultado do esvaziamento das ruas das cidades do DF. Muitos trabalhadores saíram da cidade no período de férias e seus carros ficaram encostados, o que reduziu bastante as vendas.
A decisão de adiar o aumento foi tomada pela Rede Gasol, dona de 90 dos 320 postos do DF, e deve ser seguida pelos concorrentes. "Com os novos preços cobrados pelas distribuidoras, o repasse integral para as bombas é inevitável. Não dá para segurar porque já trabalhamos com margens pequenas de lucro. Nesse setor, qualquer centavo é importante", diz o presidente do grupo, Antônio Matias. Desde o fim de semana passado, a distribuição está sendo feita com R$ 0,13 a mais por litro de álcool e R$ 0,04 no caso da gasolina. Com isso, o preço médio do etanol no DF passará de R$ 2,10 para R$ 2,23 e o da gasolina, de R$ 2,74 para R$ 2,78. Os reajustes serão de 6,19% e de 1,46% respectivamente.
Essa será a segunda alta do álcool em menos de duas semanas. No penúltimo dia de 2009, os postos já haviam repassado o aumento de R$ 0,11 por litro determinado pelas distribuidoras. O efeito dos dois reajustes é um aumento total de 12,1%. Segundo Matias, a margem de lucro de sua rede é de R$ 0,30 por litro de álcool. Ou seja, se ele decidisse segurar os valores nas bombas, perderia quase metade dos seus ganhos. Hoje, o rendimento com a gasolina é de R$ 0,38 por litro. "Vivemos no limite. Não dá para operar se baixarmos disso", garante o empresário. Ontem pela manhã, a Gasol tinha um estoque de 20% de combustível com preço antigo, volume que deve ser consumido até hoje no fim do dia.
Na avaliação de Matias, não havia nenhum motivo para as distribuidoras determinarem um aumento de seus preços num momento sem problemas de abastecimento, visto que o consumo vem caindo em todo o país por causa das férias. No DF, a queda do movimento foi superior a 20% nos primeiros dez dias de janeiro. "Quem manda no álcool são os usineiros. Não tem jeito. Eles impõem o que querem e as distribuidoras aceitam. Falta é o governo fazer uma verdadeira política de formação de estoque e regulação dos preços", diz. O Correio procurou o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis (Sinpetro-DF), mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.
Colaborou Diego Amorim