CARACAS - O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ameaçou de expropriação os comerciantes que aumentarem os preços de maneira abusiva e advertiu, neste domingo, que porá nas ruas a Guarda Nacional para evitar a especulação com os preços, em seguida à desvalorização da moeda local, o bolívar, anunciada na sexta-feira.
"Façam-no se quiserem, mas nós vamos retirar de vocês suas lojas e dá-las aos trabalhadores", declarou Chávez que chamou os especuladores de "saqueadores do povo".
"Não há razão para que ninguém aumente os preços de nada. O povo não deve se deixar roubar (...) Vamos aplicar a lei, partir para um plano ofensivo contra a especulação", afirmou durante seu programa dominical "Alô Presidente".
"Quero que a Guarda Nacional vá às ruas junto com o povo para lutar contra a especulação", acrescentou.
Na sexta-feira, o governo venezuelano anunciou uma desvalorização cambial, com o bolívar passando de 2,15 por dólar a 2,60.
A partir de agora, haverá na Venezuela dois preços oficiais do dólar: 2,60 para produtos de primeira necessidade, remessas e importações do setor público; e 4,30 para os demais produtos, como os eletrônicos.
Segundo os analistas, a desvalorização do bolívar vai favorecer o setor público em um ano de eleições e terá um impacto negativo na inflação do país, que superou os 25% em 2009 e é a mais alta da América, .
Segundo o presidente, saúde, alimentos, máquinas, livros, artigos tecnológicos e todas as importações do setor público, além das remessas para o exterior, estarão sujeitos ao câmbio de 2,60 bolívares por dólar.
Já artigos como automóveis, telecomunicações, fumo, bebidas, produtos químicos, petroquímicos e eletrônicos terão uma taxa de câmbio de 4,30 bolívares por dólar.
Na Venezuela, desde 2005 o dólar era cotado ao câmbio oficial de 2,15 bolívares, apesar da moeda americana ter disparado no paralelo há meses.
Para fortalecer e proteger a economia venezuelana, Chávez anunciou ainda a criação de fundos especiais de fomento às exportações e estímulo a substituição das importações.
O presidente garantiu que o governo e o Banco Central vão intervir no mercado de câmbio para evitar "o manejo especulativo das divisas", além de vigiar as importações.
A redução oficial do valor do bolívar a partir de agora implicará no encarecimento das importações, mas Chávez aposta em suportar melhor a carga com a recuperação dos preços do petróleo no mercado internacional.