A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) desacelerou-se em dezembro, refletindo principalmente o alívio nos custos de alimentação. O indicador subiu 0,38% neste mês, após elevação de 0,44% em novembro, divulgou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa dos preços dos alimentos caiu de 0,39% para 0,17% entre novembro e dezembro, uma vez que itens como arroz e feijão ficaram mais baratos, assim como o tomate, leite pasteurizado, carnes, entre outros produtos importantes no orçamento familiar. Transportes mostrou desaceleração, mas manteve-se com alta razoável, registrando inflação de 0,82%, ante 0,95% em novembro. Em parte, isso foi influenciado pela alta de 46,56% nos preços de passagens aéreas, enquanto veículos novos, álcool e gasolina diminuíram o ritmo de alta.
Em 2009, o IPCA-15 acumulou alta de 4,18%, bem abaixo dos 6,10% de 2008. O índice também ficou abaixo da média que o Banco Central busca para o IPCA, que indicará a inflação entre 1; e 31 de dezembro. Sávio Borba, gestor de renda fixa da Infinity Asset, disse que o IPCA-15 de dezembro ficou acima da mediana (índice mais esperado pelo mercado) e muitos investidores aproveitaram para zerar as posições vendidas envolvendo contratos de juros, em particular após o ;recado; do diretor de Política Econômica do Banco Central, Mário Mesquita, de que é melhor prevenir do que remediar. O aviso foi dado na terça-feira e indicou maior probabilidade de o BC elevar a taxa básica de juros (Selic) em 2010.
Arthur Carvalho Filho, economista-chefe da Ativa Corretora, também notou altas um pouco maiores nos núcleos do indicador (produtos mais relevantes). De acordo com cálculos próprios, o núcleo subiu 0,44%, contra 0,4% em novembro.
Coincidência
Uma das versões do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Getulio Vargas (FGV), o IPC-10, foi o primeiro a concluir o ciclo de 12 meses em 2009. Coincidentemente, apresentou resultado muito próximo ao do IPCA-15. Este ano o índice subiu 4,10%, percentual abaixo do apurado no mesmo período em 2008, que foi de 6,05%.
Entre os produtos e serviços de maior peso do IPC, estão as despesas do grupo Habitação, que comprometem aproximadamente 30% do orçamento familiar. Entre os 10 itens que mais influenciaram a inflação em 2009 estão dois serviços que comprometem 33% do peso desta classe de despesa: o aluguel residencial (7,25%) e a tarifa de eletricidade residencial (5,54%). Fora do grupo Habitação, foram registrados aumentos anuais relevantes para três itens: batata-inglesa (77,86%), cigarro (21,15%) e açúcar refinado (60,31%). Esses movimentos explicam 32% da variação acumulada pelo IPC/FGV em 2009.
Sem considerar o peso no orçamento familiar, foram captados aumentos expressivos para vários alimentos in natura, entre os quais vale citar: cebola (94,17%), alho (46,41%) e cenoura (36,47%). Em contrapartida, no levantamento feito pelo economista André Braz, da FGV, vários alimentos importantes registraram queda e evitaram que a inflação nos últimos 12 meses fechasse em patamar mais alto. Os destaques foram: Feijão Preto (44,52%), arroz branco (-16,61%), carne moída (-9,56%) e leite longa-vida (-5,09%). É importante ressaltar que o feijão preto e o arroz branco vinham de um comportamento de alta de preços em 2008, com aumentos de 44,74% e 31,66%, respectivamente. Quedas importantes foram verificadas no feijão carioquinha (38,45%), nas passagens aéreas (24,94%) e no bacalhau (18,38%).
A prévia
O IPCA-15 é considerado uma prévia do IPCA, índice que serve de referência para a meta de inflação do país. A metodologia de cálculo é a mesma, apurando a variação de preços para famílias com renda de até 40 salários mínimos em 11 regiões metropolitanas do país. A diferença está no período de coleta porque o IPCA mede o mês calendário (1; ao último dia) e o 15 pega o fim de um mês e o início do período seguinte.