Jornal Correio Braziliense

Economia

Operadoras de cartões de crédito desrespeitam consumidor, segundo confederação de lojistas

A Confederação Nacional de Diretores Lojistas (CNDL) divulgou comunicado nesta quinta-feira (17/12) no qual afirma que a indústria de cartões de crédito está na contramão da economia, porque ;ultrapassa todos os parâmetros plausíveis, locupletando-se às custas dos consumidores e dos comerciantes;, apesar das críticas do próprio presidente da República e do Banco Central.

[SAIBAMAIS]Assinada pelo presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Júnior, a nota lembra que, de acordo com balanço divulgado pelos próprios cartões, o lucro do setor tende a subir entre 17% e 22% neste ano, com os 135 milhões de cartões movimentando cerca de R$ 253 milhões, o que representa expansão de 18% em relação ao ano passado.

Em que pese essa ;saúde financeira;, Pellizzaro assegura que os juros do cartão de crédito não caem há nove meses, como atesta pesquisa da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), divulgada ontem (16). Os juros permanecem em 10,68% ao mês, em média, o que dá 237,93% ao ano.

O presidente da CNDL diz que não existe ;explicação razoável; para que os juros do cartão de crédito continuem inalterados e lá em cima, uma vez que a taxa básica de juros (Selic) esteve em processo de redução durante todo o primeiro semestre do ano e há cinco meses se mantém no patamar de 8,75% ao ano.

Pellizzaro lembra também a queda nos índices de inadimplência, tanto de pessoas físicas quanto de pessoas jurídicas, e menciona o esforço governamental na redução de impostos para combater, com vigor, os ;efeitos nefastos; da crise econômica global. Enquanto isso, ressalta a ganância das empresas de cartão de crédito, que mantêm a mesma linha de obtenção de altos lucros.

Além da ;absurda taxa;, que varia de 4% a 5% em cada transação com dinheiro de plástico, Pellizzaro afirma que o lojista ainda tem que arcar com o aluguel das máquinas e, se quiser antecipar o pagamento, os juros podem chegar a até 6% ao mês. Como o comerciante repassa os custos, tudo isso vem embutido nos preços dos produtos.

Ele salienta também que os consumidores, obrigados a se curvar aos juros mais altos do mundo, ainda caem na armadilha do crédito rotativo, parcelado pelo cartão e muitos não conseguem honrar seus compromissos. E a implicação mais perversa, segundo Pellizzaro, é que o cidadão, enredado por essa situação, foca fora do mercado, sem movimentar a economia.. ;O cliente é nosso maior patrimônio. Queremos ele de volta;.

Por causa desse quadro, o Movimento Lojista se une à Frente Parlamentar do Comércio Varejista (203 deputados e 31 senadores) na defesa da regulamentação da indústria de cartões de meios eletrônicos de pagamento, com vistas a pôr um basta nesse ;inexplicável privilégio; que tanto mal causa à população, de acordo com Pellizzaro.