Jornal Correio Braziliense

Economia

Filiais de bancos no exterior terão de registrar no Brasil operações com derivativos

As filiais de bancos brasileiros no exterior que fizerem operações com derivativos no mercado internacional serão obrigadas a registrar as transações no Brasil. A nova regra foi decidida hoje (16) pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Mesmo que o dinheiro não entre no Brasil, a transação terá de ser registrada na Câmara de Custódia e Liquidação (Cetip) ou na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM). De acordo com o chefe do Departamento de Normas do Banco Central, Sérgio Odilon dos Anjos, o objetivo da mudança é dar mais transparência ao sistema financeiro.

;O foco não está nas empresas [que se beneficiam com o crédito], mas na fiscalização dos bancos. É importante lembrar que os derivativos tiveram um papel importante para desencadear a crise financeira [nos bancos norte-americanos] no ano passado;, afirmou.

Os derivativos são instrumentos de crédito lastreados em outras operações de crédito. Segundo Odilon, caso o mecanismo seja usado sem monitoramento e a devida regulamentação, os riscos associados a esse tipo de operação aumentam.

Ele destacou que a mudança faz parte de um processo da fiscalização sobre o sistema financeiro. Em outubro de 2007, uma resolução do CMN obrigou os bancos a registrar operações com derivativos no mercado interno. No mês passado, uma circular do Banco Central determinou o registro no Brasil das captações de recursos no exterior associadas, de alguma forma, a derivativos.

Na reunião de hoje, o CMN também reverteu uma decisão tomada para proteger os bancos dos efeitos da crise financeira. A partir de abril, as instituições financeiras não poderão mais ampliar a provisão [reserva] de recursos sem retirar esse adicional da quantia que pode ser emprestado.

Em dezembro do ano passado, o CMN autorizou que os bancos fizessem uma provisão extra de recursos para se precaver de um possível aumento da inadimplência. Para que a operação não comprometesse a capacidade de concessão de crédito, a nova regra permitiu que esse adicional não fosse descontado do capital.

Odilon disse que, com a melhoria do cenário econômico, a ajuda aos bancos tornou-se desnecessária. ;A medida cumpriu o papel de não atrapalhar o crédito e, ao mesmo tempo, manter a prudência no setor financeiro;, explicou. ;Agora, não há mais justificativa para manter a ajuda.;

De acordo com o chefe de departamento do Banco Central, a regra atual só deixará de valer a partir de abril para não ter impacto nos balanços de fim de ano dos bancos e dar mais tempo para as instituições financeiras se enquadrarem nos novos critérios.