O governo japonês anunciou nesta terça-feira (8/12) a liberação de US$ 80 bilhões de um novo plano de retomada de um total de US$ 274 bilhões, para sustentar a segunda economia maior mundial, que enfrenta deflação e corre o risco de voltar à recessão.
[SAIBAMAIS]Este plano, o primeiro adotado pela equipe do novo primeiro-ministro de centroesquerda Yukio Hatoyama, inclui uma entrada em gastos extras diretos e o restante em garantias, empréstimos e outras medidas não necessariamente envolvendo o desbloqueio de verbas. Ele ainda deve ser votado pelo Parlamento.
"Devemos rapidamente adotar um plano para consolidar a retomada, diante da situação difícil da economia e do emprego, da alta do iene e da deflação", afirma um comunicado oficial do governo.
As medidas políticas iniciais acontecerão na forma de uma extensão orçamentária para o restante do ano fiscal 2009-2010, que termina no fim de março.
Parte desta entrada será destinada a financiar ajudas ao emprego, subsídios para a compra de aparelhos eletrodomésticos e novos imóveis sustentáveis, ou para prolongar as medidas já em vigor de incentivo à compra de carros econômicos em combustível.
Esta extensão orçamentária é a primeira anunciada pelo governo Hatoyama desde sua chegada ao poder em setembro. Hatoyama prometeu recuperar o consumo interno para melhor equilibrar o crescimento econômico do Japão, que continua muito dependente das exportações.
O governo anterior conservador de Taro Aso já havia adotado um plano de recuperação excepcional para o exercício atual, mas que foi em parte anulado por seu sucessor.
Para financiar o novo plano, o governo prevê emitir US$ 100 bilhõe sem bônus do Tesouro, o que elevará o total da dívida emitida durante este exercício a uma quantia recorde de 53,5 trilhões de ienes, indicou o ministro das Finanças Hirohisa Fujii. Esta soma ultrapassará amplamente as receitas fiscais do Estado (36,9 trilhões).
"É incomum que a quantia da dívida pública emitida ultrapasse a dos impostos recolhidos. Isto não acontecia desde 1946", disse Fujii, citado pela imprensa japonesa.
Ele considerou a situação orçamentária do país "muito grave", já que a dívida pública deve passar dos 200% do Produto Interno Bruto (PIB), um recorde histórico absoluto para um país rico.
Duramente atingido pela crise econômica mundial, o Japão atravessou durante um ano, de abril de 2008 a março de 2009, sua pior recessão desde o fim da II Guerra Mundial. Desde então, foi constatada uma frágil retomada.
Mais o iene forte continua afetando o comércio externo do arquipélago. E a deflação, fenômeno pernicioso de queda constante dos preços devido a uma defasagem entre a produção e a demanda, bateu recordes nos últimos meses e deve continuar por vários anos.