Jornal Correio Braziliense

Economia

Em tempos de recessão, os americanos economizam nos presentes

WASHINGTON - A recessão e o desemprego estão obrigando inúmeros americanos a reduzir seus gastos com as festas de fim de ano e voltar a acreditar que "a intenção é o que vale", optando por um telefonema ou um simples cartão.

"As pessoas querem saber como administrar seu orçamento para as festas sem ofender ninguém. Esta é a preocupação atual", afirmou Anna Post, porta-voz do Emily Post Institute no Vermont (nordeste) que fez uma lista de regras de boa conduta para presentear.

No momento em que o desemprego atingiu 10%, pela primeira vez em 25 anos nos EUA, quase um consumidor em dois (45%) pretende reduzir seus gastos com presentes de Natal este ano, segundo estudo do gabinete de marketing Retail Forward. Segundo um outro estudo da NPD, 62% explicam que o preço será o fator mais determinante em sua compra.

"Será que o estado atual da economia vai forçar os consumidores a esgotar suas economias para os presentes das festas de fim de ano ou eles vão reduzir suas listas?", questionou Marshal Cohen, analista da NPD, para responder, em seguida: "se você é membro de uma família grande, você vai escolher dar um cartão em vez de um presente este ano".

A imprensa encheu suas páginas com dicas de como economizar com os presentes sem se sentir culpado.

"Não é porque você gastou 50 dólares para um presente ano passado que você tem que fazer o mesmo este ano. Muitas pessoas se preocupam com isso, mas não deveriam", afirmou Anna Post.

"Você deve primeiro pensar em seu orçamento e não precisa se desculpar. É normal gastar mais com sua irmã do que com seu sobrinho", acrescentou a porta-voz do Emily Post Institute, ainda administrado pela família da fundadora.

Sua diretora, Peggy Post, sugere nas páginas práticas do Washington Examiner "telefonar em vez de comprar presentes e dizer às pessoas o quanto elas são importantes para você".

"É uma ideia maravilhosa! Damos um presente para mostrar a uma pessoa o quanto ela é importante para nós, mas podemos dizer isso com palavras, em vez de presentes", completou Anna Post.

Outros conselhos da lista são "tomar um café junto com a pessoa que quer presentear, reservar um tempo de qualidade para ela, ou se desfazer de um objeto que você gosta".

O presente de caridade também mudou este ano. A organização Save the Children apresentou em seu catálogo de Natal uma série de "doações de alegria": por 30 dólares e um clique na internet, uma criança da Etiópia ganha uma cabra que vai lhe fornecer leite. Em troca, o doador recebe uma cabra de pelúcia.

Os fabricantes de brinquedos, que registram 40% de suas vendas no período das festas de fim de ano, apostaram este ano em artigos de baixo preço: 80% dos brinquedos do gigante Mattel custam menos de 30 dólares.

"Ano passado, tivemos de quatro a cinco brinquedos a 50 e 100 dólares em nossa coleção. Este ano, temos dois", contou Ken Price, dirigente do fabricante de brinquedos Jakks Pacific.

Na crise, os americanos parecem estar muitos dispostos a reciclar presentes. Segundo pesquisa encomendada pela empresa The Patron Spirits Company, com mil pessoas, 68% disseram que pretendem oferecer um presente antigo que recebeu.