Jornal Correio Braziliense

Economia

Bancos estrangeiros reduzem participação no total de crédito concedido no Brasil

As instituições estrangeiras que operam no Brasil continuam com o pé no freio do crédito, apesar dos fortes sinais de retomada da economia ; que pode crescer até 6,5% em 2010. Dados do Banco Central (BC) mostram que, nos primeiros 10 meses deste ano, o estoque de empréstimos e financiamentos concedidos por esses bancos acumula queda de 1,7% contra expansão de 6,2% das instituições privadas nacionais e de 25,1% dos bancos públicos. Com isso, a participação das instituições estrangeiras no total de crédito do país caiu para 18,5% ante os 21,4% computados em setembro de 2008, quando estourou a crise mundial.

;Infelizmente, o que se percebe é que os bancos estrangeiros estão sem capacidade de reação no Brasil. E, se continuarem assim, perderão cada vez mais mercado;, diz o presidente da Consultoria LatinLink, Ruy Coutinho. Para ele, parte do encolhimento dessas instituições no Brasil decorre das dificuldades que suas matrizes ainda enfrentam fora do país, pois foram obrigadas a absorverem prejuízos monstruosos advindos do estouro da bolha imobiliária americana.

Mas há também a dificuldade de se adequarem a um mercado mais competitivo, no qual dois bancos públicos ; Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal ; e dois privados nacionais ; Itaú Unibanco e Bradesco ; estão dando as cartas.

Fim do ganho fácil

Para os analistas, das grandes instituições com presença mundial, apenas duas têm condições de se manter de pé e encarar, de verdade, a concorrência no varejo brasileiro: o espanhol Santander e o inglês HSBC. ;Mas, para isso, esses dois bancos terão de ser mais agressivos na oferta de crédito e, principalmente, reduzir os juros cobrados de consumidores e empresas. Não há outra saída;, afirma Carlos Eduardo de Freitas, ex-diretor do Banco Central, responsável por todo o processo de privatização do Banespa, cujo controle foi arrematado, em novembro de 2000, pelo Santander.

Freitas está coberto de razão. Em meados dos anos 1990, quando o governo decidiu abrir, por completo, o sistema financeiro nacional ao capital estrangeiro, esperava-se que as grandes instituições, com enorme experiência no fornecimento de crédito barato, provocassem uma revolução no país. O que se viu, porém, foi um movimento de rápida adaptação dos bancos estrangeiros ao modelo brasileiro, de garantir elevados lucros investindo em títulos públicos a risco zero e a juros elevadíssimos. ;Agora, a realidade é outra. Para manter a rentabilidade, os bancos, estrangeiros ou não, precisam emprestar mais e a um custo menor;, assinala o economista. ;É a nova lei do mercado.;