Jornal Correio Braziliense

Economia

Nova-iorquinos caçam bons negócios durante o Black Friday apesar da crise

Enfrentando o frio desde manhã cedinho, centenas de nova-iorquinos saíram à caça de bons negócios no chamado Black Friday, o dia tradicional de febre de compras de fim de ano, marcado pelos grandes descontos nas lojas e considerado particularmente crucial neste ano de crise. [SAIBAMAIS]Andando desde às cinco horas da manhã, Aziza Alexander, enfermeira de 23 anos, ainda não comprou nada: "as liquidações de roupa não estão nada boas este ano", queixou-se em frente à loja H da quinta avenida. Paul e Amanda Jackson, dois turistas ingleses, olham vitrines desde às 04H30 da madrugada nas lojas de Manhattan. "É um verdadeiro espetáculo", disse Amanda, contando ter chegado à loja Macy's às 05H00. "Estava tudo organizado, tinha até equipes de televisão e um padre que dizia que era pecado fazer compras", declarou, sorrindo. Dennis Torres, 36 anos, empregado da ONU, fazia fila em meio a quase cem pessoas em frente a uma loja de eletrônicos Best Buy. "Estou procurando um video game", disse, contando ter passado a noite anterior fazendo compras pela internet. "É menos caro", comparou. No bairro popular do Brooklyn, entre as avenidas movimentadas Flatbush e Atlantic, o clima é um pouco mais animado e as ruas cheias de pessoas com sacolas enormes. Embaladas pelas compras de Natal, a maioria desde às 5 da manhã, as pessoas enfrentam o clima frio de novembro e o risco de ficar preso na multidão, como aconteceu ano passado, quando morreu um funcionário do Wall-Mart em Nova York. "Poderíamos pensar que com a recessão, as pessoas iram ficar em casa, mas não! É um dia muito movimentado", disse a gerente de uma loja Victoria's Secret. LA federação nacional dos varejistas (NRF) espera 134 milhões de clientes nas lojas durante o primeiro dia da estação das compras de Natal, chamada "Black Friday" porque ela representa uma parte substancial do faturamento anual das lojas, permitindo-as muitas vezes pagar suas dívidas. Laina Ila, vendedora de 24 anos, chegou antes da meia-noite com uma amiga. "A fila dava a volta do quarteirão, esperamos mais de uma hora para entrar na loja Toys R Us vizinha", explicou, cansada. Varere Jordan, condutor do metrô, 42 anos, sempre espera o Black Friday, "quando os preços ficam interessantes, para fazer suas compras de Natal". "Este ano, tem coisas melhores do que no ano passado", afirmou, satisfeita com a televisão de tela plana que conseguiu por 249 dólares na Target. Alex e Ruth, 24 anos os dois, não deram sorte: "chegamos às 04h30, esperamos no carro a Target abrir as portas às cinco, mas não conseguimos colocar a mão nem na televisão nem no GPS. Tudo já estava vendido", contaram. Então eles compraram um forno micro-ondas, brinquedos, pijamas e panelas, apesar de uma situação precária: Alex acaba de perder seu emprego de porteiro e Ruth, agente imobiliária, está sem trabalho há três anos. Os tempos também estão difíceis para Crystal Hussey, assistente de professor de 28 anos: ela está trabalhando menos este ano e seu orçamento encolheu em relação ao do ano passado. Ela gastou 170 dólares no total, nos presentes de Natal para suas crianças.