O Ministério da Fazenda negou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha proibido o Banco Central (BC) de gastar reservas internacionais durante a crise econômica. Uma nota oficial emitida há pouco contestou que o ministro Guido Mantega tenha admitido a proibição durante entrevista coletiva em outubro do ano passado.
[SAIBAMAIS]Em entrevista ao jornal Valor Econômico publicada na última sexta-feira (13/11), o ex-diretor de Política Monetária do Banco Central, Mário Torós, afirmou que Mantega disse que Lula proibira o BC de consumir reservas para conter a subida do dólar após o agravamento da crise financeira internacional. De acordo com o jornal, a declaração provocou alta da moeda norte-americana na época.
A nota oficial reproduz a declaração de Mantega sobre o assunto. Em entrevista coletiva ao lado do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em 6 de outubro do ano passado, o ministro da Fazenda declarou que o presidente Lula orientou a equipe econômica a manter as reservas internacionais em níveis elevados durante a crise econômica. No entanto, de acordo com o ministério, nenhuma proibição chegou a ser mencionada.
;Estamos procurando manter as reservas no seu patamar, porque é importante num momento como este manter o volume de reservas elevado. Esta é uma orientação do presidente que nós temos cumprido. O que nós estamos fazendo é usando de forma inteligente as reservas, de modo que você mantenha um nível de reservas mas dê liquidez ao mercado;, destacou o comunicado, ao reproduzir as palavras do ministro.
Na ocasião, Mantega e Meirelles explicavam os leilões de dólares das reservas internacionais para bancos brasileiros financiarem o comércio exterior. As vendas foram feitas com o compromisso de que o dinheiro fosse devolvido depois de determinado prazo, o que não provocou impacto nas reservas.
Na entrevista ao Valor Econômico, Torós afirmou ainda que Lula chegou a cogitar a demissão de Meirelles em abril do ano passado, quando o Banco Central havia aumentado os juros básicos pela primeira vez em três anos. O ex-diretor também disse que o real sofreu um ataque especulativo em dezembro de 2008 e admitiu ter havido corrida para sacar recursos de pequenos e médios bancos no auge da crise. Após a publicação da entrevista, Torós deixou o cargo ontem (16/11) e foi substituído por Aldo Luiz Mendes.