Jornal Correio Braziliense

Economia

Seguro mais barato para quem ganha menos

Governo planeja lançar até dezembro regras destinadas às coberturas de vida, acidente de trabalho e incapacidade

O governo deve lançar até dezembro um conjunto de medidas que visa instituir no Brasil o mercado de microsseguros. A ideia é atender parcela da população de classe mais baixa, que ganha até três salários mínimos (R$ 1.395) per capita. Pelo projeto ainda em estudo, essas pessoas teriam acesso a serviços de seguro de vida, de acidentes de trabalho e incapacidade física, auxílio-funeral, entre outros. O custo mensal do serviço contratado é estimado em até R$ 10 por mês. Ainda não há uma data para que o microseguro possa ser comercializado, mas o governo espera que já a partir de 2010 esse mercado já esteja regularizado no país.

Basicamente, as diferenças entre os seguros convencionais e os microsseguros são o público alvo de classe mais baixa e o menor custo operacional para as seguradoras. ;O custo de emissão de uma apólice, por exemplo, é de R$ 40. O custo de cobrança (dessa apólice), que tem de ser feito inexoravelmente via bancária, sai em média por R$ 1,80. São fatores que encarecem o seguro;, disse o presidente da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Armando Vergílio dos Santos. Ele relatou que o governo poderá desonerar as apólices de microsseguros a fim de que o mercado se torne mais atrativo.

Armando Vergílio disse que a instituição do mercado de microsseguros no país deverá abrir postos de trabalho nas classes baixas. Segundo explicou, a ideia é que a corretagem desse tipo de produto seja feita por mulheres que trabalham hoje com a venda de comésticos de porta em porta. Também disse que o agente do microseguro deverá ser o líder da comunidade em que o produto será vendido. ;É a pessoa que conhece o lugar, o líder comunitário da favela. Ele é quem vai fazer a interface (contato) com a empresa seguradora.;

Público
O governo estima que 100 milhões de pessoas em todo o Brasil poderão contratar alguma apólice de microseguro assim que o novo mercado for instituído. A renda média dessas pessoas, segundo cálculos da Susep, é estimada em US$ 200 bilhões por ano. Vergílio comparou o valor à renda conjunta de países como a Índia, que tem sete vezes mais pessoas que se encaixam como público-alvo do microseguro que o Brasil. ;Aqui o cenário é muito mais propício, é muito mais favorável para o estabelecimento do microseguro. E é isso o que estamos buscando, mas tem que ter um marco regulatório;, contou.

Somente em 2009, o mercado brasileiro de seguros deverá faturar algo como R$ 100 bilhões, sem contar os números auferidos no setor de saúde, que são contabilizados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Em cinco ou seis anos, prazo que a Susesp entende como necessário para maturação do novo mercado, os microsseguros deverão contribuir com faturamento anual entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões.

AJUDA FÚNEBRE NO BOLSA-FAMÍLIA
A partir de 2010, os beneficiários do programa Bolsa Família deverão receber do governo ajuda financeira para custear as despesas com a morte de um ente. A ideia, segundo contou o presidente da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Armando Vergílio dos Santos, é que o governo pague um auxílio funeral às famílias assistidas pelo programa, cujo custo mensal é estimado em R$ 1 por pessoa. ;Se são 33 milhões de pessoas (assistidas), serão R$ 33 milhões (de gastos) por mês;, disse. Segundo números do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), o número de beneficiados pelo Bolsa Família, em outubro, foi de 12,4 milhões de famílias, o que dá uma média de 50,8 milhões de pessoas assistidas (4,1 por família). Nas contas de Vergílio, em torno de 25 milhões de pessoas, sobretudo de baixa renda, têm hoje contrato de seguro fúnebre.