A Embraer espera queda de 10 por cento na receita no ano que vem ante os 5,5 bilhões de dólares previstos para 2009 e novamente uma diminuição de sua carteira de pedidos firmes.
A maior fabricante mundial de jatos regionais havia se comprometido a fornecer estimativas para 2010 neste mês, mas o vice-presidente financeiro da companhia, Luiz Carlos Aguiar, disse nesta sexta-feira que ainda não há um cenário claro sobre o comportamento do mercado aéreo para o ano que vem.
[SAIBAMAIS]A crise econômica global que ganhou força no final do ano passado fez companhias aéreas postergarem ou cancelarem a compra de aviões, com forte impacto nos negócios da Embraer.
"Ainda não é possível passar 'guidance'. O que podemos dizer é que esperamos, com uma visão genérica, uma redução de 10 por cento das nossas receitas", afirmou Aguiar a analistas para comentar os resultados do terceiro trimestre, divulgados na noite de quinta-feira.
A Embraer reverteu prejuízo de um ano atrás e teve lucro líquido de 221,9 milhões de julho a setembro pelas regras contábeis brasileiras, com melhora do resultado financeiro e créditos tributários.
Porém, a margem operacional trimestral pelo padrão de contabilidade norte-americano (US Gaap) despencou para 5,5 por cento, menos da metade dos 12 por cento de abril a junho deste ano, o que decepcionou investidores.
O presidente-executivo da Embraer, Frederico Curado, e Aguiar disseram a analistas que a margem operacional deve permanecer perto de 7 por cento neste ano, ante estimativa anterior de 10 por cento, e que esse mesmo nível deverá ser registrado em 2010.
As ações da Embraer recuavam 5,2 por cento na bolsa paulista às 13h18, para 9,48 reais, maior queda da carteira teórica do Ibovespa, que exibia perda de 1,4 por cento.
"A margem em US Gaap veio bem abaixo do que era esperado", afirmou à Reuters o analista Alan Cardoso, da corretora Ágora.
"O cenário ainda é desafiador para a companhia", acrescentou, citando também que as ações da Embraer estão com desempenho superior a de rivais.
A ação da Embraer é atualmente negociada a cerca de 10,4 vezes o lucro estimado para a empresa para os próximos 12 meses, enquanto na rival canadense Bombardier esta relação é de 7,9 vezes.
Carteira de pedidos
A Embraer encerrou setembro com carteira de pedidos firmes de 18,6 bilhões de dólares, abaixo dos 20,9 bilhões de dólares do final de 2009. Isso significa que a empresa não está conseguindo fechar novas vendas em ritmo superior às entregas de aviões efetuadas.
"Continuamos com dificuldades de novas vendas. Temos sido capazes de transformar nossa carteira de pedidos em receita e em manter a sustentabilidade do negócio, mantendo margens operacionais e geração de caixa bastante importantes", afirmou Aguiar a analistas.
Em conversa telefônica com jornalistas, em seguida, Aguiar disse que 2010 será mais um ano de consumo da carteira de pedidos, como já anteviam executivos da companhia para 2009. "A nossa expectativa é que o nosso total de vendas ainda não vai ser maior que a nossa receita."
Junto com o balanço do terceiro trimestre, a Embraer informou que espera entregar um total de cerca de 232 aeronaves neste ano, ante previsão anterior de 242 unidades. A companhia não forneceu o número de jatos que estima entregar no próximo ano.