Jornal Correio Braziliense

Economia

Argentina não tolerará entraves comerciais do Brasil

A Argentina não vai tolerar que suas exportações, em particular as de produtos perecíveis, sofram entraves comerciais por parte do Brasil, afirmou nesta sexta-feira o ministro da Economia, Amado Boudou falando à La Red. A tensão bilateral cresceu esta semana quando o governo de Luiz Inácio Lula da Silva freou importações argentinas de farinha de trigo, azeites, alho, vinho, frutas, rações para animais e caminhões fabricados na Argentina, entre outros produtos. [SAIBAMAIS]Dezenas de caminhões ficaram parados na fronteira e portos não puderam transportar as mercadorias para o Brasil. "Sempre que a Argentina analisou alguma questão do comércio com o Brasil, trabalhou com produtos não-perecíveis para não gerar um grave dano a algum segmento da produção", advertiu o ministro. "É diferente dizer que há um problema com sandálias do que com frutas". No entanto, minimizou o alcance do incidente registrado esta semana ao afirmar que "o problema entre os dois países abrange 6% do total do intercâmbio". A medida é considerada uma represália às licenças não-automáticas (que atrasam o processo de exportação) que a Argentina implementou como argumento para proteger o emprego, a indústria e a produção frente à crise mundial. O comércio bilateral somou 30,864 bilhões de dólares em 2008, com 4,347 bilhões de déficit para a Argentina. Entre janeiro e dezembro deste ano, as exportações brasileira caíram quase 40%, somando 8,28 bilhões de dólares, mas ainda com um saldo positivo de 373 milhões. As exportações argentinas nesse período caíram 20% e somaram 7,906 bilhões, segundo dados do ministério do Comércio e Indústria brasileiro.